Instituto do Câncer denuncia estratégia da indústria do tabaco com cigarros eletrônicos

09/10/2025 11:00 Central do Direito
Instituto do Câncer denuncia estratégia da indústria do tabaco com cigarros eletrônicos

Especialistas denunciaram em audiência pública na Câmara dos Deputados que os cigarros eletrônicos representam uma estratégia da indústria do tabaco para conquistar novos consumidores. André Szklo, representante do Instituto Nacional do Câncer (Inca), alertou que a reposição de clientes é essencial para o setor, já que as doenças relacionadas ao tabagismo matam dois em cada três fumantes.

Impacto econômico do tabagismo

Segundo Szklo, existe um "ciclo vicioso permanente" no Brasil, onde novos tabagistas são estimulados a consumir produtos com nicotina para substituir aqueles que morrem por doenças relacionadas ao tabaco. O pesquisador revelou dados alarmantes: a cada R$ 156 mil investidos pela indústria em propaganda, ocorre uma morte. Além disso, para cada R$ 1 arrecadado com tributos do tabaco, o país gasta mais de R$ 5 no tratamento de doenças causadas pelo tabagismo.

Projetos de criminalização em tramitação

A audiência, realizada na terça-feira (7), foi solicitada pelo deputado Padre João (PT-MG), relator do PL 2158/24 da deputada Flávia Morais (PDT-GO), que criminaliza atividades relacionadas aos cigarros eletrônicos com pena de 1 a 3 anos de detenção e multa. A deputada Gisela Simona (União-MT) também propôs o PL 4888/23, estabelecendo pena de 2 a 4 anos de reclusão, aplicada em dobro quando a propaganda for direcionada a menores de 18 anos.

Foco em crianças e adolescentes

Paulo César Corrêa, professor de pneumologia da UFOP, explicou que crianças e adolescentes são o principal alvo da propaganda de cigarros eletrônicos. A indústria utiliza estratégias como aromas adocicados e embalagens coloridas para atrair esse público. A ex-coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo do Rio de Janeiro, Sabrina Presman, destacou que essas táticas visam reverter a imagem negativa do tabaco construída pelas políticas antitabagismo implementadas desde os anos 1990.