Especialistas pedem fim de perfis digitais para menores em plataformas

01/10/2025 19:00 Central do Direito
Especialistas pedem fim de perfis digitais para menores em plataformas

Especialistas defenderam mudanças no modelo de negócios das big techs durante audiência pública na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (1º). As principais propostas incluem a proibição do "perfil digital" para crianças e adolescentes e a adoção da transparência algorítmica.

Crescimento Alarmante do Uso Infantil

Dados do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação revelam números preocupantes. O uso da internet saltou de 9% para 44% na faixa etária de 0 a 2 anos entre 2015 e 2024. Na faixa de 3 a 5 anos, o crescimento foi de 26% para 71%, enquanto entre 6 a 8 anos subiu de 41% para 82%.

Segundo Renata Mielli, coordenadora do Comitê Gestor da Internet no Brasil, 95% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos acessam a internet atualmente.

Proibição da Perfilização Emocional

Mielli defendeu a proibição completa da coleta de dados sobre estados emocionais e comportamentais de menores. "Não é possível que plataformas distribuam conteúdo para crianças com base em perfilamento emocional. Esse público não tem maturidade para lidar com situações desafiadoras", argumentou.

A especialista destacou que apenas 30% das famílias realizam controle parental e sugeriu a criação de ferramentas gratuitas independentes das próprias plataformas.

Posição das Big Techs

Roberta Jacarandá, representante da Meta e TikTok, defendeu a "responsabilidade compartilhada" envolvendo escola, família, setor privado e governo. Ela argumentou que fatores individuais como idade, gênero e resiliência devem ser considerados na avaliação dos impactos.

A representante do YouTube, Alana Rizzo, mencionou medidas já adotadas pela plataforma, como o YouTube Kids com controles parentais e desabilitação de comentários.

Marco Legal em Discussão

O advogado João Francisco de Aguiar Coelho, do Instituto Alana, classificou as redes sociais como "ambiente insalubre" para menores. Ele defendeu a aprovação da PEC 29/23, que inclui proteção da integridade mental e transparência algorítmica como direitos fundamentais na Constituição.

O Grupo de Trabalho sobre Proteção de Crianças e Adolescentes em Ambiente Digital tem até 17 de outubro para propor soluções legislativas, prazo que pode ser prorrogado por mais 60 dias.