Uma audiência pública realizada na Câmara dos Deputados na terça-feira (16) destacou a urgente necessidade de ampliar as políticas públicas voltadas para crianças e adolescentes com deficiência no Brasil.
Dados do IBGE revelam dimensão do desafio
O Censo de 2022 do IBGE revelou que 2,2% da população brasileira entre 2 e 14 anos já recebeu diagnóstico de algum tipo de deficiência. Essa descoberta representa uma mudança significativa na vida das famílias, que passam a buscar atendimento especializado nos sistemas de ensino e saúde.
Sobrecarga das mães e abandono paterno
Durante a audiência da Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família, a psicanalista Cristiane Lima alertou que a demanda por cuidados especiais afeta principalmente as mães. "As mães trazem uma sobrecarga emocional muito grande e passam a ter transtornos. É dever da sociedade e do poder público acolher essas mulheres", afirmou, destacando que muitos pais abandonam os filhos com deficiência.
Déficit na rede pública de atendimento
O educador Fernando Augusto de Almeida, que trabalha com estimulação precoce no Distrito Federal, informou que apesar do DF ter dobrado o número de unidades de atendimento (de 12 para 24) nos últimos dois anos, ainda há fila de espera. "Precisamos de mais unidades, de mais profissionais qualificados. A rede pública não consegue abraçar todas essas demandas", comentou.
Necessidade de mais recursos e empatia
A deputada Chris Tonietto (PL-RJ), proponente da audiência, enfatizou que as políticas públicas para crianças com deficiência exigem mais recursos orçamentários e empatia. "O Estado está falhando no acesso a medicamentos e terapias. Famílias atípicas não têm rede de apoio", declarou.