Câmara inicia debates sobre regulamentação da IA no Brasil: especialistas apontam pontos críticos

14/03/2025 19:30 Central do Direito
Câmara inicia debates sobre regulamentação da IA no Brasil: especialistas apontam pontos críticos

A Câmara dos Deputados já começou a discutir o projeto de lei que regulamenta a inteligência artificial no Brasil, mesmo antes de receber oficialmente o texto aprovado pelo Senado em dezembro de 2024. O Grupo de Trabalho em Inteligência Artificial da Coalizão Direitos na Rede promoveu um debate para identificar pontos de aprimoramento da proposta.

Câmara dos Deputados - fotolia - © jim
Tecnologia - geral - papo de futuro - inteligência artificial
Texto divide as aplicações em duas categorias - IA e IA generativa

Fragilidades na proteção de direitos

Paula Guedes, consultora da ONG Artigo 19 Brasil e integrante da Coalização Direitos na Rede, destacou que o texto atual apresenta fragilidades: "Alguns pontos de proteção de direitos foram retirados; medidas de governança foram retiradas, as avaliações preliminares para definir o grau de risco foram flexibilizadas. Agora são boas práticas, mas deveriam ser obrigatórias".

O projeto, que deve chegar à Câmara nos próximos dias, classifica os sistemas de IA quanto aos níveis de risco para a vida humana e direitos fundamentais, dividindo as aplicações em inteligência artificial e inteligência artificial generativa. Após alterações no Senado, apenas os sistemas de IA generativa e de propósito geral necessitarão de avaliação preliminar de risco obrigatória.

Sistemas proibidos e restrições

A proposta proíbe sistemas considerados de risco excessivo, como armas autônomas que podem atacar sem intervenção humana, sistemas para produção de material de abuso sexual infantil e avaliação de traços de personalidade para prever crimes. O uso de câmeras para identificação em espaços públicos terá restrições específicas, sendo permitido apenas em casos como busca de pessoas desaparecidas ou recaptura de fugitivos, mediante autorização judicial.

"Olhar para a regulação de inteligência artificial é garantir que sistemas tenham proteção de privacidade, contra discriminação, tragam transparência e maior proteção a direitos fundamentais", afirmou Paula Guedes.

Proteção aos direitos autorais

O projeto também aborda direitos autorais no desenvolvimento de sistemas de IA. Conteúdos protegidos poderão ser utilizados livremente apenas por instituições de pesquisa, jornalismo, museus, arquivos, bibliotecas e organizações educacionais, desde que obtidos legitimamente e sem fins comerciais. Nos demais casos, titulares de direitos autorais poderão proibir o uso de seus conteúdos ou terão direito à remuneração quando utilizados em sistemas comerciais.