Em audiência pública na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, representantes das companhias aéreas Gol e Azul negaram categoricamente a fusão das duas empresas. O gerente de Relações Institucionais da Azul, Camilo Coelho, esclareceu que a possibilidade foi apenas estudada durante a pandemia, mas foi completamente descartada com a recuperação do setor.
Fusão descartada após pandemia
"A fusão não é um fato, a gente não chegou a submeter formalmente nada ao Cade. Fizemos um formulário de consulta, um pré-formulário, em outro ambiente, outro cenário, em um outro momento das empresas que já passou", declarou Coelho. O executivo enfatizou que o foco atual da Azul é concluir sua recuperação judicial.
O assessor da presidência da Gol, Alberto Fajerman, confirmou que houve conversas sobre fusão devido às dificuldades financeiras pós-pandemia, mas garantiu que a ideia foi abandonada. A Gol, que entrou em recuperação judicial no ano passado, concluiu o processo em junho.
Cade investiga combinação de preços
O presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Gustavo Augusto Freitas de Lima, revelou que existe processo em curso para analisar suspeitas de combinação de preços entre Gol, Azul e Latam. Segundo ele, há indícios preocupantes no mercado.
"As projeções indicam que estamos tendo aumento de passageiros, mas vemos o movimento contrário, uma diminuição do número de voos. Isso chama a atenção", explicou Lima, destacando possíveis problemas de rivalidade entre as empresas.
Operações conjuntas geram controvérsia
Durante a pandemia, a Azul operou rotas conjuntas com a Latam e depois com a Gol. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Concorrência e Inovação mostrou que a operação conjunta Azul-Gol resultou em redução de rotas e aumento médio de 23% no preço das passagens.
A audiência, sugerida pelos deputados Daniel Almeida (PCdoB-BA) e Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), também revelou dados alarmantes: de 2023 a agosto de 2025, a plataforma consumidor.gov.br recebeu mais de 240 mil reclamações contra empresas aéreas, evidenciando a insatisfação dos consumidores com o setor.