Usina Termelétrica em Brasília enfrenta forte oposição em seminário na Câmara dos Deputados

13/05/2025 14:30 Central do Direito
Usina Termelétrica em Brasília enfrenta forte oposição em seminário na Câmara dos Deputados

Em seminário realizado na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (13), a instalação da Usina Termelétrica Brasília (UTE Brasília) em Samambaia, Distrito Federal, foi alvo de intensas críticas. O empreendimento da Termo Norte, que utilizará gás natural como combustível, ainda aguarda licenciamento ambiental e outras autorizações necessárias.

Impactos ambientais preocupam especialistas

A poluição do rio Melchior, considerado o mais contaminado do Distrito Federal, foi um dos principais pontos levantados durante o debate promovido pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Newton Vieira, presidente do Movimento Salve o Rio Melchior, alertou que a usina agravará a situação ao despejar efluentes químicos e água em alta temperatura, utilizada no resfriamento do maquinário.

Luiz Eduardo Barata, ex-presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e atual presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE), também se posicionou contra o projeto, destacando que a construção do gasoduto necessário para a operação representa alto potencial de agressão ambiental, além de não agregar valor ao sistema elétrico nacional.

Questão educacional e disponibilidade hídrica

Outro ponto controverso é a possível remoção da Escola Classe Guariroba devido à proximidade com a usina. A professora Walquiria Gonçalves destacou que a mudança afetaria negativamente os alunos e suas famílias, muitas das quais dependem do rio para subsistência.

A deputada Erika Kokay (PT-DF), coordenadora do seminário, questionou as outorgas já concedidas pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) e cobrou uma nova análise técnica sobre a disponibilidade hídrica do rio Melchior, argumentando que o estudo atual data de 2012, anterior às severas secas enfrentadas pela região nos últimos anos.

Eduardo Wagner da Silva, representante do Ibama, esclareceu que o processo de licenciamento ainda está em análise, sem nenhuma licença emitida até o momento. Entre as preocupações do órgão estão as condições de dispersão atmosférica dos gases em uma região com clima seco durante parte significativa do ano.

A Termo Norte, responsável pelo projeto de 1.470 megawatts, não enviou representantes ao seminário, alegando conflito de agenda. A empresa afirma que as emissões de poluentes estarão dentro dos limites legais estabelecidos.