STF: Barroso debate representatividade negra no audiovisual durante Festival Negritudes

29/05/2025 22:30 Central do Direito
STF: Barroso debate representatividade negra no audiovisual durante Festival Negritudes

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, participou nesta quinta-feira (29) de uma roda de conversa sobre o papel do audiovisual na garantia de direitos das pessoas negras no Brasil. O evento, realizado no museu Sesi Lab em Brasília, fez parte do Festival Negritudes Globo, promovido pela TV Globo em parceria com o Instituto Innovare.

Judiciário e representatividade

Durante o debate, Barroso reconheceu a baixa representatividade de pessoas pretas e pardas na magistratura brasileira e destacou a responsabilidade do Judiciário na transformação do debate sobre racismo no país. "É preciso que criemos símbolos negros de sucesso que inspirem a sociedade e aqueles que desejam chegar no mesmo lugar", afirmou o ministro.

O painel contou com a participação do ministro Benedito Gonçalves (STJ), das ministras Vera Lúcia Araújo e Edilene Lobo (TSE), do ator e diretor Lázaro Ramos e da cantora Teresa Cristina, com mediação do jornalista Heraldo Pereira.

Impacto das produções audiovisuais

Um dos destaques do debate foi o impacto da nova versão da novela "Vale Tudo", que aumentou em 300% a procura pelo aplicativo da Defensoria Pública após uma cena sobre regularização de pensão alimentícia. "Ajuda muito na cidadania a gente se ver na televisão", observou Lázaro Ramos.

A ministra Edilene Lobo ressaltou a importância da representação de uma advogada negra orientando outra mulher sobre seus direitos: "O audiovisual, quando espelha a vida das pessoas, pode também inspirá-las. Ter a figura desta mulher negra que explica à outra seu direito diz ao país que aquele é um lugar de autoridade que as mulheres negras também podem alcançar".

Construção de novas narrativas

Em outro momento do festival, a ouvidora do STF, juíza Flávia Martins Cavalcante, participou de um debate sobre a série "Justiça 2", que aborda o racismo como pano de fundo para a criminalização da população negra. "O papel da dramaturgia é construir outras narrativas. A gente pode fazer o papel de empregada doméstica, mas também o de juíza", defendeu Flávia, destacando a importância da representatividade para que crianças e adolescentes negros possam visualizar novos horizontes profissionais.

O Festival Negritudes reforça o compromisso de instituições como o Judiciário e a mídia na promoção da igualdade racial e no combate ao racismo estrutural no Brasil.