Sistema Nacional de Educação gera controvérsias em audiência na Câmara dos Deputados

15/07/2025 14:00 Central do Direito
Sistema Nacional de Educação gera controvérsias em audiência na Câmara dos Deputados

Especialistas ouvidos pela subcomissão da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados apresentaram visões divergentes sobre o projeto que institui o Sistema Nacional de Educação (SNE) durante audiência pública realizada nesta terça-feira (15).

Proposta em regime de urgência

Já aprovado pelo Senado, o PLP 235/19 cria o SNE com o objetivo de alinhar e articular políticas educacionais entre União, estados, Distrito Federal e municípios. A proposta tramita em regime de urgência junto com o PLP 25/19.

A deputada Adriana Ventura (Novo-SP), que solicitou o debate, questionou a urgência para aprovar a matéria: "A gente ouve muito a questão de que precisa aprovar o quanto antes, mas a pergunta é: para quê? Para quem? Qual é o objetivo? A gente precisa ter clareza".

Visões antagônicas sobre gestão e centralização

Sumika de Freitas, coordenadora da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, defendeu uma gestão mais democrática e apoiou a aprovação do SNE, ressaltando a necessidade de "aprimorar a participação democrática" e fortalecer instâncias autônomas e plurais.

Em contrapartida, Wagner Lenhart, diretor-executivo do Instituto Millenium, alertou que o projeto pode levar à maior centralização dos recursos e da gestão. "Os estados e municípios, até por serem mais próximos da população, deveriam ser os protagonistas dessa agenda", argumentou, criticando a criação de novas comissões e grupos de trabalho.

Questões constitucionais e financiamento

O professor João Batista Oliveira, presidente do Instituto IDados, classificou o projeto como inconstitucional por violar o pacto federativo. Segundo ele, a proposta "dificulta as decisões técnicas, dilui as responsabilidades e fragiliza a prestação de contas à sociedade".

Nelson Amaral, professor da Universidade Federal de Goiás e presidente da Fineduca, destacou que a estruturação do sistema está entrelaçada com o financiamento. Ele defendeu a meta de investimento de 10% do PIB na educação e argumentou que "de nada adianta um sistema nacional se não houver a introdução de um volume de recursos que possibilite a resolução de problemas".

O SNE foi previsto no atual Plano Nacional de Educação e deveria ter sido implantado em 2016. A proposta segue em análise na Câmara dos Deputados.