O empresário e programador Igor Dias Delecrode compareceu à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS nesta segunda-feira (10) e permaneceu em silêncio durante todo o depoimento. Acusado de movimentar R$ 1,4 bilhão em fraudes contra aposentados, ele não explicou as operações financeiras suspeitas.
Proteção judicial garante silêncio
Delecrode depôs amparado por habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida assegurou ao programador de 28 anos o direito de não responder perguntas que pudessem incriminá-lo e de não prestar compromisso de dizer a verdade.
O empresário é acusado de desenvolver programa para fraudar biometria e assinaturas digitais no INSS, dando aparência de legalidade aos descontos ilegais. Segundo investigações, ele teria recebido R$ 15 milhões em menos de um ano através de empresas de tecnologia da informação.
Revolta do relator da CPMI
O deputado Alfredo Gaspar (União-AL), relator da CPMI, demonstrou indignação com o silêncio do depoente. "Ele virou multimilionário, transacionou mais de R$ 15 milhões em menos de um ano com invenção de ferramentas para tirar dinheiro de aposentados e pensionistas", afirmou.
Gaspar acusou Delecrode de montar organização criminosa que atuou em três núcleos, utilizando sistema sofisticado para burlar a biometria facial do INSS. "Se o Brasil fosse sério, esse elemento estaria preso", declarou o parlamentar.
Críticas ao STF e prazo prorrogado
Parlamentares criticaram a concessão do habeas corpus, com o senador Carlos Viana (Podemos-MG) afirmando que a decisão indica que o trabalho dos parlamentares "não vale absolutamente nada". O senador Izalci Lucas (PL-DF) defendeu que a CPMI peça ao STF a prisão preventiva dos envolvidos.
Durante a reunião, foi anunciada a prorrogação do prazo para ressarcimento de pensionistas lesados até 14 de fevereiro de 2026. Até o momento, mais de 3 milhões de aposentados receberam devolução, totalizando mais de R$ 2 bilhões.