Mulheres negras são 68% das vítimas de feminicídio no Brasil, revela pesquisa

Uma pesquisa apresentada na Câmara dos Deputados revelou dados alarmantes sobre o feminicídio no Brasil. Dez anos após a promulgação da Lei do Feminicídio, os casos registrados aumentaram 176%, saltando de 527 em 2015 para 1.455 em 2024.

Mulheres negras são as principais vítimas

O estudo "Quem são as mulheres que o Brasil não protege?" demonstra que 68% das mulheres assassinadas por questões de gênero nos últimos dez anos eram negras. Enquanto os feminicídios de mulheres brancas apresentaram leve declínio, a violência contra mulheres pretas e pardas aumentou significativamente.

Brasil lidera feminicídios na América Latina

Segundo a especialista Jackeline Ferreira Romio, da Fundação Friedrich Ebert, o Brasil já ocupa o primeiro lugar em número absoluto de feminicídios na América Latina e Caribe. Das 11 mulheres que morrem diariamente por questões de gênero na região, quatro são brasileiras. "No Brasil temos uma epidemia de feminicídios", alertou a pesquisadora.

Necessidade de políticas interseccionais

A coordenadora do Projeto Reconexão Periferias, Bárbara Martins, destacou que o problema não é a falta de leis, mas de protocolos administrativos eficientes. A deputada Jack Rocha (PT-ES) anunciou que estuda projeto para responsabilizar gestores que não aplicarem orçamento destinado à redução de desigualdades de gênero e raça.

A pesquisa foi apresentada durante as atividades da campanha "21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres", realizada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher em parceria com a Secretaria da Mulher da Câmara.