O Ministério da Igualdade Racial tem trabalhado para inserir o debate sobre desigualdade racial de forma transversal em todas as políticas públicas do governo federal. A informação foi compartilhada por Taís Machado, coordenadora da Secretaria de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, durante audiência pública realizada na Câmara dos Deputados para discutir políticas voltadas às mulheres negras.
Transversalidade no combate ao racismo
"A transversalidade da igualdade racial e do combate ao racismo precisa ser pensada em todo o ciclo de políticas públicas – na sua formulação, execução, monitoramento e avaliação. Partimos do princípio de que não existe uma política pública neutra", destacou Machado durante o evento promovido pelo Centro de Estudos e Debates Estratégicos (Cedes).
Dados apresentados pela coordenadora revelam a persistência da desigualdade: em 2024, mulheres negras recebiam em média R$ 2.079, enquanto mulheres brancas tinham remuneração média de R$ 3.404. Além disso, famílias chefiadas por mulheres negras enfrentam maior insegurança alimentar.
Barreiras persistentes nas profissões
A pesquisadora Adriana Sousa, da Fundação Carlos Chagas, apresentou dados que demonstram como as disparidades permanecem mesmo após avanços educacionais. Entre 1992 e 2001, o percentual de médicas negras dobrou de 4% para 8%, enquanto o número de médicas brancas triplicou no mesmo período. Em três décadas após 1990, as advogadas negras não ultrapassaram 12% do total de profissionais da área.
A deputada Dandara (PT-MG), que solicitou a audiência, abordou também a violência política enfrentada por mulheres negras nos espaços de poder. "Ser mulher negra nos espaços de poder e desafiar o racismo, o machismo, a LGBTfobia, a ordem vigente, é enfrentar poderes instituídos. Nossa presença incomoda porque ameaçamos o privilégio", ressaltou.
Representando a Casa da Mulher do Nordeste, Itanacy Oliveira compartilhou que a organização tem focado seus esforços no aumento da participação política de mulheres negras, reconhecendo a importância da representatividade nos espaços decisórios.