Exploração de petróleo na Amazônia não garante desenvolvimento, alertam especialistas

Exploração de petróleo na Amazônia não garante desenvolvimento, alertam especialistas

Durante audiência pública da Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, especialistas e ativistas questionaram o modelo de desenvolvimento baseado na exploração de petróleo na região amazônica. O debate, realizado nesta quinta-feira (9), focou nos impactos socioeconômicos da atividade petrolífera na foz do Rio Amazonas.

Recursos bilionários não garantem qualidade de vida

O Ministério de Minas e Energia projeta arrecadação de US$ 200 bilhões com a exploração petrolífera amazônica, segundo Lucas Cardoso, do Movimento Dendezê. Contudo, o ativista alertou para a necessidade de repensar o modelo econômico: "O argumento é atraente, mas não resolve todos os problemas. Vivemos um momento delicado para o clima".

A deputada Talíria Petrone (Psol-RJ), autora do pedido de debate, exemplificou com Macaé (RJ), que arrecadou R$ 1,5 bilhão em royalties mas viu a pobreza aumentar. "Hoje, 31% da população vive com até meio salário mínimo", destacou.

Subsídios públicos questionados

Alessandra Cardoso, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), revelou que o setor petrolífero recebe cerca de R$ 40 bilhões anuais em subsídios públicos. A especialista defendeu a reavaliação desses incentivos e discussão sobre sua continuidade.

Impactos nas comunidades tradicionais

Representantes de povos tradicionais relataram os efeitos negativos da exploração petrolífera. Júlia Mabel, do Movimento Pretas pelo Clima, denunciou contaminação de águas e manguezais na Ilha da Maré (BA), além do aumento de casos de câncer. Alexandre Arapiun, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), pediu revogação da autorização do Ibama para estudos da Petrobras, alegando falta de consulta prévia aos povos afetados.