Câmara dos Deputados marca 77 anos da Nakba com denúncias de violações ao direito internacional

02/07/2025 17:30 Central do Direito
Câmara dos Deputados marca 77 anos da Nakba com denúncias de violações ao direito internacional

A Câmara dos Deputados realizou nesta quarta-feira (2) uma sessão solene em memória aos 77 anos da Nakba, evento que marcou a desapropriação de terras palestinas a partir de 1948, com a criação do Estado de Israel. O encontro contou com a participação de diplomatas regionais e representantes de organizações em defesa da Palestina.

Violações ao direito internacional

O deputado Padre João (PT-MG), um dos proponentes da sessão, destacou que a Câmara tem o dever de debater questões de direitos humanos globais, incluindo a autodeterminação dos povos palestinos. Segundo ele, a Nakba resultou no deslocamento de mais de 750 mil palestinos em 1948, com a destruição de mais de 400 aldeias e vilarejos, apagando séculos de história.

"A comunidade internacional deve impor consequências reais às violações do direito internacional. Ninguém está acima da lei, e crimes contra a humanidade não podem permanecer impunes, independentemente de quem os cometa", afirmou o parlamentar.

Uma catástrofe contínua

O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, descreveu a situação atual nos territórios ocupados como "insuportável". "Todos os dias, centenas de pessoas são mortas ou feridas, vítimas não apenas do bombardeio, mas também de fome, sede e humilhação", declarou o diplomata.

Ahmed Shehada, presidente do Instituto Brasil-Palestina, ressaltou que a Nakba não foi um acontecimento isolado, mas o início de uma catástrofe contínua. Ele observou que mais de dois terços dos habitantes da Faixa de Gaza são refugiados descendentes daqueles expulsos em 1948.

Perspectiva judaica ortodoxa

A sessão também contou com a participação do rabino Yisroel Dovid Weiss, representante de um segmento de judeus ortodoxos que se opõem à política israelense. "A diferença de religião nunca foi causa de conflito. A ocupação sionista da Palestina é a causa principal do derramamento de sangue trágico e contínuo que ocorre há mais de 100 anos", afirmou o rabino, destacando que muitos líderes e comunidades judaicas historicamente se opuseram à criação do Estado de Israel.