A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) iniciou nesta quarta-feira (17) o julgamento do governador do Acre, Gladson Cameli (PP), acusado de liderar organização criminosa voltada ao desvio de recursos públicos. A ministra Nancy Andrighi, relatora do caso, votou pela condenação a 25 anos e 9 meses de reclusão em regime fechado.
Condenação inclui multa e perda do cargo
Além da pena de prisão, a relatora determinou o pagamento de multa e indenização ao estado do Acre no valor de R$ 11.785.020,31. A ministra também entendeu que Cameli deve perder o cargo de governador. O julgamento foi suspenso após pedido de vista do ministro João Otávio de Noronha, revisor do processo.
Esquema causou prejuízo de R$ 16 milhões
Segundo a acusação, o governador liderava organização criminosa composta por núcleos familiares, políticos e empresariais. As práticas ilícitas, iniciadas em 2019, teriam causado prejuízo superior a R$ 16 milhões aos cofres públicos, conforme análises da Controladoria-Geral da União (CGU).
Fraudes envolveram empresa do irmão
O Ministério Público Federal aponta fraudes na contratação da Murano Construções Ltda. para obras de engenharia, resultando em pagamentos de R$ 18 milhões. O esquema envolveria a contratação indireta da Construtora Rio Negro Ltda., empresa ligada ao irmão do governador, Gledson de Lima Cameli.
Lavagem de dinheiro financiou bens de luxo
A ministra destacou que Cameli teria recebido vantagens indevidas através da lavagem de dinheiro, com valores usados para pagar financiamento de apartamento de alto padrão em São Paulo e veículo de luxo. A defesa nega as acusações e argumenta falta de provas da interferência direta do governador nos contratos.