Setor de transporte critica nova metodologia de rastreamento de agrotóxicos

Setor produtivo questiona falta de diálogo na elaboração da norma

Uma audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados revelou forte resistência do setor de transporte à nova metodologia do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para rastreamento de agrotóxicos. Os participantes alegaram que a proposta foi elaborada sem consulta adequada ao setor produtivo e pode elevar significativamente os custos logísticos.

Experiência paulista serve de alerta para custos elevados

O diretor jurídico da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), Marco Aurélio Ribeiro, citou o exemplo de São Paulo, onde um sistema similar provocou aumento drástico nas tarifas. "A tarifa para licença de transporte de produtos potencialmente perigosos passou de R$ 16 para R$ 600 por veículo", alertou Ribeiro durante o debate solicitado pelos deputados Pedro Lupion (PP-PR) e Pezenti (MDB-SC).

Indústria questiona redundância e prazo de implementação

A representante do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), Lídia Cristina Jorge dos Santos, criticou tanto o processo quanto o conteúdo da portaria ministerial. Segundo ela, as informações exigidas pelo novo sistema já constam em documentos fiscais e bases públicas, caracterizando redundância desnecessária. A sindicalista também considerou insuficiente o prazo de 120 dias para implantação, propondo três anos conforme sugestão inicial do grupo de trabalho.

Ministério defende integração e combate a irregularidades

Em defesa da proposta, o secretário-executivo do Mapa, Irajá Rezende de Lacerda, explicou que o novo modelo integrará dados federais, estaduais, municipais e privados através de sistema criptografado com QR code único. "A proposta é integrar todos em um ambiente único, com segurança e interoperabilidade, como ocorre com os dados da Receita Federal", justificou Lacerda, destacando benefícios no combate a crimes tributários, sanitários e ambientais, além do controle de produtos contrabandeados.