Regulamentação do Mototáxi por Aplicativos Gera Controvérsia na Câmara dos Deputados

10/06/2025 22:00 Central do Direito
Regulamentação do Mototáxi por Aplicativos Gera Controvérsia na Câmara dos Deputados

Participantes de audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados apresentaram posições conflitantes sobre a regulamentação do transporte de passageiros em motocicletas por aplicativos. O debate, realizado em 10 de junho, evidenciou a tensão entre as empresas de tecnologia e o poder público municipal, especialmente em São Paulo.

Legislação existente e descumprimento

Debatedores lembraram que o serviço de mototáxi já é regulamentado no país desde 2009 pela Lei 12.009/09, que estabelece requisitos como idade mínima de 21 anos, habilitação há pelo menos dois anos e uso de equipamentos de segurança. Segundo Alessandro Sorriso, presidente da Associação de Motofretistas e Entregadores Autônomos do DF, as plataformas frequentemente ignoram essas exigências: "Aplicativos como Ifood, 99, Rappi, contratam o trabalhador simplesmente; nem sabem quem é. Muitas vezes, ele não tem nem habilitação".

Proposta legislativa

O deputado Yury do Paredão (MDB-CE), autor do requerimento para a audiência, mencionou seu PL 379/25, que busca obrigar as empresas a capacitarem os motofretistas antes de liberá-los para o trabalho. "Os aplicativos estão preocupados em faturar, não com o bem-estar dos seus colaboradores", criticou.

Embate em São Paulo

Representantes da prefeitura de São Paulo defenderam o decreto municipal que proibiu o serviço na cidade. A procuradora-geral Luciana Nardi argumentou que "o Plano Nacional de Mobilidade Urbana não autoriza automaticamente" o transporte de passageiros em motos por aplicativos, cabendo aos municípios regulamentar a questão. O secretário municipal de Justiça, André Lemos Jorge, alertou que foram registradas quase 500 mortes em acidentes com motos na cidade no ano passado.

Em contrapartida, André Porto, diretor-executivo da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia, que representa empresas como Uber e 99App, defendeu que o decreto paulistano é inconstitucional e que "proibir não é proteger a população". Segundo ele, as empresas estão "dispostas a dialogar por uma regulamentação dentro da cidade de São Paulo".