Profissionais de enfermagem denunciam descontos irregulares e falta de reajuste do piso salarial

15/05/2025 16:30 Central do Direito
Profissionais de enfermagem denunciam descontos irregulares e falta de reajuste do piso salarial

Representantes da enfermagem denunciaram diversas irregularidades no pagamento do piso salarial da categoria durante audiência pública realizada na Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados. O debate, ocorrido em 14 de maio, revelou problemas como descontos indevidos, pagamentos proporcionais e ausência de reajuste desde a implementação da Lei 14.434/22.

Problemas na aplicação do piso salarial

Segundo Manoel Neri, presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), as dificuldades começaram logo após a aprovação da lei em 2022. Ele explicou que empregadores têm pago remuneração proporcional às horas trabalhadas, baseando-se em decisão do STF que determinou o pagamento integral de R$ 4.750 apenas para enfermeiros com jornada de 44 horas semanais.

"O piso deixou de ser um mínimo de R$ 4.750 para enfermeiros e passou a ser um piso máximo de R$ 4.325 no serviço público. Para quem trabalha 30 ou 20 horas, como no DF, o valor é ainda menor", criticou Neri.

Situação no setor privado e filantrópico

No setor privado, a situação é ainda mais grave. De acordo com o presidente do Cofen, o STF remeteu a decisão sobre o pagamento do piso para acordos entre patrões e trabalhadores, resultando em grande parte dos profissionais sem receber o benefício. Nos últimos 12 meses, o conselho recebeu mais de 11 mil reclamações relacionadas ao piso salarial em todo o país.

Profissionais que atuam em hospitais filantrópicos e contratados pelo SUS enfrentam atrasos nos pagamentos, embora Evellin Bezerra da Silva, do Ministério da Saúde, tenha garantido que os repasses são feitos regularmente: "O ministério usa como referência tudo aquilo que foi apresentado pelos gestores municipais. Estamos cumprindo o repasse a partir do que foi definido como sendo o nosso papel".

Reivindicações da categoria

Os participantes do debate destacaram duas principais reivindicações: a regulamentação da jornada de trabalho e o reajuste salarial. A categoria apoia a PEC 19/24, em análise no Senado, que estabelece jornada de 30 horas semanais para enfermeiros.

Quanto ao reajuste, Solange Caetano, presidente do Fórum Nacional de Enfermagem, informou que a lei do piso previa correção anual pelo INPC, mas o dispositivo foi vetado pelo então presidente da República. Se aplicada a correção, o piso atual deveria ser de R$ 5.300, cerca de R$ 550 a mais que o valor vigente.

A audiência foi realizada a pedido do deputado Bruno Farias (Avante-MG) e contou com a participação de representantes da categoria, do Ministério da Saúde e do Ministério Público do Trabalho.

Lei 14.434/22