Em audiência pública na Câmara dos Deputados, representantes do governo federal apresentaram um balanço das ações realizadas na Terra Indígena Yanomami nos últimos dois anos, destacando uma redução de 94% nas áreas de garimpo ativas na região.
De acordo com Nilton Tubino, coordenador da Casa de Governo em Roraima, as áreas de garimpo ativo diminuíram de 4.570 hectares em março de 2024 para 273 hectares em março de 2025. Quanto à abertura de novas áreas para exploração ilegal de ouro, a redução teria sido de mais de 99,5% desde 2022, caindo de 1.660 hectares para apenas 42 hectares em 2024.
Questionamentos sobre os dados apresentados
A deputada Coronel Fernanda (PL-MT), presidente da comissão externa que acompanha a crise Yanomami, contestou os números apresentados pelo governo. Ela citou dados do Greenpeace que apontam um aumento de 32% na abertura de novas áreas de garimpo entre julho e setembro de 2024, comparado ao mesmo período de 2023.
Em resposta, Tubino esclareceu que a diferença nos números se deve à metodologia utilizada pela ONG, que incluiria em seu relatório dados do estado do Amazonas, especificamente da região do Pico da Neblina, enquanto a Terra Yanomami está localizada em Roraima.
Crise de saúde e segurança alimentar
A parlamentar também questionou o aumento nos casos de malária, que teriam saltado de 78 mil em 2023 para mais de 136 mil em 2024, além do crescimento no índice de desnutrição entre crianças de até 5 anos, que passou de 49,2% para 51%.
Marcos Kaingang, secretário nacional de Direitos Territoriais Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas, explicou que o governo investiu R$ 185 milhões em um contrato emergencial para fornecer 114 mil cestas básicas aos Yanomami. O alto custo de cada cesta (R$ 1.536) foi justificado pelas dificuldades logísticas para alcançar comunidades isoladas, que frequentemente só são acessíveis por via aérea.
Segundo Tubino, quando as operações começaram, havia cerca de 20 mil garimpos na região, alguns próximos às comunidades indígenas, impedindo seu deslocamento e a realização de cultivos tradicionais. Atualmente, o foco do governo está na distribuição de ferramentas e sementes para que os indígenas voltem a produzir seus próprios alimentos, uma vez que o contrato para distribuição de cestas básicas se encerrou em março de 2025.