Governo e setor de apostas alertam: proibição de apostas individuais pode fortalecer mercado ilegal

Representantes do governo federal e do setor de apostas esportivas manifestaram preocupação durante audiência pública na Câmara dos Deputados sobre os possíveis efeitos negativos da proibição de apostas em lances individuais durante partidas esportivas.

Projeto pode impulsionar mercado ilegal

O Projeto de Lei 2842/23, de autoria do deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), prevê a restrição de apostas em eventos como cartões, escanteios e faltas. Segundo Letícia Soeiro, coordenadora de Jogo Responsável do Ministério da Fazenda, embora a medida possa reduzir fraudes, também pode diminuir o interesse pelo mercado regulamentado.

Estudos internacionais demonstram migração para sites ilegais

Gabriel Lima, diretor-executivo da Liga Forte União do Futebol Brasileiro, citou pesquisas realizadas na Bélgica e Reino Unido que comprovam a migração de apostadores para plataformas ilegais quando há restrições excessivas. O executivo também destacou a dependência financeira dos clubes brasileiros, já que quase 100% das equipes das séries A e B possuem contratos de patrocínio com casas de apostas.

Mercado ilegal já representa maioria das apostas

Rafael Marcondes, presidente da Associação de Bets e Fantasy Sport, apresentou dados revelando que 90% dos casos de manipulação estão relacionados ao mercado principal (resultado final), enquanto apenas 13% envolvem mercados secundários. Tiago Barbosa, da Genius Sports, complementou informando que entre 70% e 80% das apostas no Brasil já ocorrem em mercados ilegais.

Ministério do Esporte defende combate tecnológico

Giovanni Rocco Neto, secretário nacional do Ministério do Esporte, enfatizou que o enfrentamento deve focar nas casas ilegais através de tecnologia para bloqueio e rastreamento, além de ações policiais. A audiência também abordou questões sobre vício em jogos e a necessidade de publicidade mais responsável por parte das empresas do setor.