Representantes de órgãos públicos e entidades do setor de transportes apresentaram à Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (10) um conjunto de medidas para combater o roubo de cargas nas estradas brasileiras. Entre as principais propostas estão o endurecimento de penas, implementação de sistemas de rastreabilidade e campanhas de conscientização dos consumidores.
Brasil ocupa segundo lugar mundial em roubos de carga
Segundo dados da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística, o Brasil registra posição preocupante no cenário mundial, ficando atrás apenas do México em número de ocorrências. O prejuízo anual alcança R$ 1,2 bilhão, com 3.749 roubos registrados apenas no primeiro semestre de 2025. A região Sudeste concentra 86% dos casos.
Carley Welter, diretor da Associação Nacional das Empresas de Transporte de Cargas, destacou que as quadrilhas são especializadas e multitarefas. "Quando tem produto para roubar, eles roubam. Quando não tem, eles traficam droga", explicou. A Confederação Nacional do Transportador Autônomo informou que 48% dos caminhoneiros já foram vítimas de roubo ou furto de carga.
Projetos de lei em tramitação
O deputado Mauricio Neves (PP-SP), presidente da Comissão de Viação e Transportes, é autor do Projeto de Lei 1743/25, que prevê a criação de um código identificador para rastrear produtos desde a indústria até o consumidor final. "65% de todas as cargas transportadas no Brasil são realizadas por rodovias e 14% de todos os custos logísticos são destinados à prevenção do roubo de carga", afirmou.
Outros projetos em análise incluem a federalização do crime de roubo de cargas (PL 375/24) e o aumento das penas. Valter Souza, diretor da Confederação Nacional do Transporte, defendeu ainda a punição para receptadores: "Quem recebe a carga, o receptador da carga, tem que ser penalizado".
Estratégias de combate e conscientização
O secretário estadual de segurança pública de São Paulo, Guilherme Derrite, citou os resultados positivos do Sistema de Informações e Prevenção de Crimes (SP-Carga), implementado em 2023. A iniciativa resultou em redução de 26% nos roubos, 19% nos furtos e 41% na receptação de carga roubada no primeiro semestre no estado.
Francisco Rodrigues Neto, coordenador de áreas especializadas de combate ao crime da Polícia Rodoviária Federal, elencou os principais desafios: "Desenvolver uma cultura de segurança para o transporte de cargas; reunir e compartilhar dados; alterar a legislação de interesse; ter as gestões de segurança pública atuando de forma integrada".