O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, defendeu a atuação institucional da corporação durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (9) na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados. Rodrigues rebateu questionamentos de parlamentares sobre suposto uso político da PF para silenciar opositores e proteger integrantes do governo.
Investigações questionadas
O comparecimento do diretor foi solicitado pelo presidente da Comissão, deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), para esclarecer duas investigações em andamento: fraudes de sindicatos contra aposentados no INSS e o caso de uma senhora que usou um megafone para chamar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "ladrão".
Sobre este último caso, parlamentares como General Girão (PL-RN), Marcel van Hattem (Novo-RS) e Coronel Meira (PL-PE) questionaram se a PF estaria sendo usada para cercear a liberdade de expressão. Em resposta, Rodrigues afirmou que "não estamos tratando de liberdade de expressão, mas da segurança de uma autoridade e de uma quase tragédia" e ressaltou que "o que nós, policiais federais, fazemos é cumprir a lei".
Sindicato e irmão de Lula
Outro ponto questionado pelos deputados foi sobre uma investigação envolvendo o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), que tem como vice-presidente Frei Chico, irmão do presidente Lula. Bilynskyj acusou Rodrigues de ter mentido em entrevista ao afirmar que o sindicato não estaria entre os investigados nas fraudes do INSS.
O diretor-geral esclareceu que "em nenhum momento disse que o sindicato não era investigado, e sim que não havia sido alvo de mandados de busca e apreensão na fase ostensiva da operação". Segundo ele, respondeu objetivamente à pergunta da jornalista sobre a existência de mandados contra a entidade.
Independência institucional
Durante toda a audiência, Rodrigues reafirmou o compromisso institucional da PF com o país e não com governos específicos. Ele lembrou que entre 2019 e 2022, período anterior à sua gestão, foram instaurados mais de 30 inquéritos policiais em situações semelhantes às questionadas pelos parlamentares.
Em resposta a acusações do deputado Marcel van Hattem sobre supostos "relatórios falsos" produzidos por delegados, Rodrigues sugeriu que o parlamentar formalize denúncias nos órgãos competentes, como Ministério Público, corregedoria ou ouvidoria, assumindo as consequências legais de suas representações.
A audiência evidenciou as tensões entre a atuação técnica da Polícia Federal e as pressões políticas sobre investigações em curso, reforçando o debate sobre os limites da independência institucional da corporação.