Diagnóstico tardio de doença renal no SUS: especialistas apontam falhas e desafios

22/05/2025 16:30 Central do Direito
Diagnóstico tardio de doença renal no SUS: especialistas apontam falhas e desafios

Especialistas em saúde renal destacaram a urgência do diagnóstico precoce para o tratamento eficaz da doença renal crônica durante audiência pública realizada na Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (22). O debate revelou falhas estruturais no Sistema Único de Saúde (SUS) que comprometem a identificação e tratamento adequado dos pacientes.

Diagnóstico precoce e barreiras no acesso

Exames de sangue e urina para identificar substâncias como creatinina e albumina são essenciais para o diagnóstico da doença renal, especialmente em pacientes com fatores de risco como diabetes, hipertensão ou obesidade. Apesar de estes exames estarem disponíveis no SUS, a presidente da Federação de Associações e Institutos de Diabetes e Obesidade, Vanessa Pirolo, denunciou que municípios deliberadamente evitam oferecê-los.

"Quando questionamos a Secretaria de Saúde de Foz do Iguaçu, eles admitiram não realizar o exame de creatinina por falta de vagas na hemodiálise. Isso é chocante, mas representa a realidade de muitos municípios brasileiros", relatou Pirolo. Ela ressaltou que existem cinco medicamentos incorporados ao SUS para tratamento adequado da doença renal que poderiam evitar a necessidade de hemodiálise.

Desafios e investimentos no tratamento

O secretário-geral da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Farid Samaan, destacou que o Brasil é um dos poucos países que oferecem acesso universal a terapias de alto custo como hemodiálise e transplante. "O SUS financia mais de 82% da diálise e mais de 95% dos transplantes renais realizados no Brasil", afirmou Samaan, embora tenha apontado "deficiências graves em todas as regiões geográficas".

A coordenadora-geral de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Carmen Cristina Moura dos Santos, informou que em 2023 foram repassados R$ 165 milhões para estados e municípios destinados aos prestadores de hemodiálise, com mais de 17 milhões de procedimentos registrados e repasse total de R$ 4,3 bilhões. Ela também mencionou as desigualdades regionais e a concentração de especialistas nas grandes cidades como desafios significativos.

O Brasil conta com apenas 2,6 médicos nefrologistas por 100 mil habitantes, o que agrava o problema de acesso ao diagnóstico e tratamento especializado, principalmente em regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos.