Em meio à greve de fome do deputado Glauber Braga (Psol-RJ), que já ultrapassa 150 horas, parlamentares de diferentes espectros políticos têm manifestado preocupação com a severidade da pena de cassação aprovada pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
Críticas à desproporcionalidade da punição
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) defende uma dosimetria justa da pena, argumentando que a cassação é excessiva. "É evidente — eu tenho ouvido de colegas de todas as origens ideológicas aqui, de todos os vetores do espectro político na sociedade — que essa é uma pena pesada demais", afirmou, lembrando que, caso aprovada pelo Plenário, a cassação tornaria Braga inelegível por 10 anos, conforme a Lei Complementar 64/90.
Surpreendentemente, o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), também se posicionou contra a cassação: "Pessoalmente, acredito que cassação deveria ser para casos graves como corrupção ou o da Flordelis, por exemplo. Acredito que uma punição de seis meses de suspensão, no caso de Glauber Braga, estaria de bom tamanho".
Testemunhos e precedentes
O deputado Jorge Solla (PT-BA), testemunha do episódio que motivou a representação, contestou a narrativa oficial: "O fato em si não tem a dimensão que foi dada, muito pelo contrário, porque o agredido foi o Glauber". Fernanda Melchionna (Psol-RS) citou dados da imprensa mostrando que apenas 3% dos casos que chegam ao Conselho de Ética resultam em condenação, e que não há precedentes de cassação por agressão.
Mobilização e suporte
A situação de Braga tem mobilizado diversos setores. Artistas realizaram uma roda de samba em solidariedade, enquanto um ato ecumênico reuniu lideranças religiosas de diferentes matrizes. O deputado também recebeu visitas de ministros do governo federal, como Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos).
A Câmara tem oferecido suporte médico e de segurança ao parlamentar, com acompanhamento médico duas vezes ao dia. A representação contra Braga foi apresentada pelo partido Novo, que o acusa de agredir fisicamente Gabriel Costenaro, do MBL, durante uma manifestação em abril de 2024. A defesa do deputado alega que ele reagiu a provocações e ofensas pessoais, incluindo ameaças à sua mãe.