Durante a primeira reunião das mulheres parlamentares do BRICS, representantes manifestaram preocupação com o potencial da inteligência artificial (IA) em reforçar desigualdades de gênero, apesar de seu papel transformador nas sociedades modernas.
Sub-representação feminina no desenvolvimento tecnológico
A deputada Jack Rocha (PT-ES), coordenadora-geral da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, destacou que a baixa presença feminina nas equipes de desenvolvimento tecnológico limita a diversidade de perspectivas. "Algoritmos criados por homens reproduzem preconceitos e desigualdades históricas. E a automação ameaça setores com alta concentração feminina, como serviços e educação", alertou, defendendo uma revolução tecnológica mais inclusiva.
Por sua vez, a deputada Delegada Katarina (PSD-SE) enfatizou a necessidade de uma governança digital capaz de prevenir novas formas de exclusão e violência. "É imprescindível que os parlamentos formulem marcos legais para que o uso da IA respeite os direitos humanos, e para que os avanços tecnológicos promovam a inclusão feminina na economia digital", afirmou.
Exemplos internacionais de inclusão feminina na tecnologia
Representantes de outros países compartilharam iniciativas bem-sucedidas. Sara Falaknaz, dos Emirados Árabes Unidos, relatou que seu país considera a transformação digital um catalisador para a igualdade de gênero, com mulheres constituindo mais da metade da força de trabalho no setor espacial.
Qian Fangli, do Congresso Nacional do Povo da China, destacou que as mulheres representam mais da metade dos empresários de internet e 45% dos trabalhadores de tecnologia em seu país.
A deputada Iza Arruda (MDB-PE) ressaltou a importância de medidas legislativas, como a Lei 15.123/25, que agrava o crime de violência psicológica contra mulheres quando praticados com uso de inteligência artificial. "O universo digital não pode ser terra sem lei. Crimes online têm que ser punidos com rigor."
Mudanças climáticas e protagonismo feminino
As parlamentares também abordaram como as mudanças climáticas afetam desproporcionalmente as mulheres. A senadora Leila Barros (PDT-DF) defendeu que "mulheres podem e devem ser protagonistas nas políticas de adaptação e mitigação e na construção de estratégias climáticas que integrem justiça ambiental e justiça social".
Jack Rocha e Leila Barros concordaram sobre a necessidade de um BRICS feminino que valorize a pluralidade de experiências e o papel das mulheres no século 21, reconhecendo que questões como mudanças climáticas e avanços tecnológicos não são neutras em termos de gênero.