O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, participou nesta quarta-feira (19) de sessão solene em comemoração aos 40 anos da redemocratização brasileira, realizada no plenário da Câmara dos Deputados. O evento contou com a presença de diversas autoridades dos Três Poderes, incluindo os ministros do STF Gilmar Mendes e Dias Toffoli.
Trajetória democrática e reconhecimento histórico
Em seu discurso, Barroso traçou um panorama histórico da conquista democrática iniciada com a posse de José Sarney em 15 de março de 1985. O presidente do STF saudou a presença do ex-presidente na solenidade, descrevendo-o como "símbolo vivo da civilidade, gentileza e afetividade" e ressaltando o dever de gratidão histórica ao homem que ajudou a conduzir com sucesso "a travessia de um Estado autoritário, intolerante e muitas vezes violento, para o Estado Democrático de Direito".
O ministro relembrou que o Brasil enfrentou diversas tentativas de golpes ao longo de sua história, até alcançar a estabilidade institucional e monetária com a promulgação da Constituição Federal em 1988. Destacou ainda os avanços significativos nos direitos fundamentais de grupos historicamente marginalizados, como mulheres, negros, comunidades LGBTQIA+, indígenas e pessoas com deficiência.
Potencial brasileiro e perspectivas futuras
Para Barroso, o Brasil é um país privilegiado, que conta com estabilidade institucional, fronteiras consolidadas, relações diplomáticas amistosas e recursos naturais abundantes, capazes de gerar novas fontes energéticas renováveis. O presidente do STF encerrou sua fala com uma mensagem de otimismo: "Nesse momento em que há escuridão no horizonte global, nós podemos ser as luzes do caminho. Tenho muita fé no Brasil e creio que com integridade, civilidade e competência, temos tudo para sermos a sensação do mundo. Democracia sempre".
Reconhecimento a José Sarney
Durante a cerimônia, o ex-presidente José Sarney recebeu a Medalha do Mérito Legislativo, em reconhecimento ao seu papel como primeiro presidente civil da República após 21 anos de regime militar. Em seu discurso na tribuna, Sarney relembrou os desafios da época: "Eu assumi o governo pensando que a democracia podia morrer em minhas mãos, mas contra o destino, eu cumpri com meu dever", afirmou, citando o poeta Fernando Pessoa.