Taxas do iFood elevam custos de restaurantes e encarecem refeições, afirma Abrasel em debate na Câmara

23/04/2025 17:30 Central do Direito
Taxas do iFood elevam custos de restaurantes e encarecem refeições, afirma Abrasel em debate na Câmara

Em audiência pública realizada nesta quarta-feira (23) na Câmara dos Deputados, representantes do setor de restaurantes e parlamentares debateram os efeitos do modelo de negócio do iFood, líder no mercado brasileiro de entregas de refeições.

Impacto das taxas no setor de alimentação

Paulo Solmucci Jr., presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), afirmou que as taxas cobradas pela plataforma elevam os custos dos estabelecimentos e prejudicam os consumidores. "Durante a pandemia, o iFood dominou o mercado e especialmente o consumidor. Mas, com essa dominância, acabou por impor aos bares e restaurantes quase que uma prisão", criticou.

Segundo Solmucci, na pandemia a única forma de vender era pelo delivery, o que resultou em alto endividamento do setor, com quatro em cada dez empresas apresentando pagamentos atrasados. "Taxas menores para bares e restaurantes em mercado amplamente competitivo significariam preços menores", destacou.

iFood defende seu modelo de negócio

Em resposta às críticas, Felipe Crull, diretor sênior de Relações Institucionais do iFood, defendeu o modelo da empresa: "Nós investimos e expandimos o mercado, os nossos concorrentes tinham outro plano de negócio. O nosso plano não só foi bom, como foi bem executado".

Crull explicou que 60% dos clientes do iFood contam com serviços de entrega feitos por concorrentes e apenas 40% dos restaurantes utilizam a totalidade da plataforma, que oferece gerenciamento completo de pedidos e cobrança. Para ele, a plataforma favorece os parceiros ao permitir que restaurantes se concentrem em cozinhar enquanto o iFood cuida das entregas.

Posicionamentos divergentes entre parlamentares

O deputado Celso Russomanno (Republicanos-SP) concordou com as queixas da Abrasel: "O consumidor é quem paga a conta. Eles [o iFood] fazem o preço que querem, do jeito que querem. Está errado, é preciso tomar providências."

Já o deputado Gilson Marques (Novo-SC) apresentou visão contrária, defendendo que "se o iFood conseguiu tamanho tal e, assim, o lucro e inclusive o poder de cobrar mais, é porque o consumidor valorizou a plataforma".

A audiência pública na Comissão de Defesa do Consumidor foi proposta pelo deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) e contou com a participação de representantes de diversas associações, incluindo a Proteste, Abipag, Amobitec e o Instituto Livre Mercado.