STM reinaugura Sala dos Advogados com homenagem ao defensor de presos políticos Lino Machado

O Superior Tribunal Militar (STM) realizou nessa quarta-feira (11/6) a reinauguração da Sala dos Advogados, que passa a se chamar Sala dos Advogados — Doutor Lino Machado. A cerimônia, realizada na Secretaria Judiciária, contou com a presença da secretária-geral do Conselho Federal da OAB, Rose Morais, e prestou homenagem ao jurista por sua contribuição ao Direito brasileiro, especialmente na área criminal.

Legado de resistência democrática

Rose Morais destacou a atuação destemida de Lino Machado como orientadora para a advocacia atual. "Nosso homenageado foi a voz que se insurgiu quando muitos silenciaram. Atuou em mais de 400 casos de presos políticos, inclusive no emblemático caso de Rubens Paiva, cuja verdade histórica foi reconhecida muito tempo depois", afirmou a secretária-geral da OAB Nacional.

A presidente do STM, Maria Elizabeth Rocha, referiu-se ao homenageado como "o grande advogado das liberdades", ressaltando sua relevante missão cívica e republicana de defender a Justiça e o Direito nos anos mais difíceis vivenciados pelo país.

Reconhecimento histórico

Presente na cerimônia, o advogado Nélio Machado, filho do homenageado, emocionou-se ao lembrar a importância do tribunal: "Muitas vidas foram salvas no STM, um tribunal que teve momentos de obscurantismos, não podemos negar, mas que teve momentos de glória. Aqui se denunciavam as torturas contra presos políticos, aqui circulava a imprensa".

O evento também contou com a presença de figuras ilustres como o membro honorário vitalício da OAB Felipe Santa Cruz, o advogado Técio Lins e Silva, o ministro aposentado do STF Marco Aurélio Mello, entre outros.

Defensor de presos políticos

Lino Machado defendeu mais de 400 presos políticos durante a ditadura civil-militar (1964/1985), incluindo o ex-deputado federal Rubens Paiva, cuja história foi retratada no filme "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, vencedor do Oscar 2025 de Melhor Filme Estrangeiro. O criminalista questionou repetidamente a Justiça Militar sobre a prisão e o desaparecimento de Paiva, mas a verdade sobre sua tortura e morte por agentes do regime só veio à tona em 2014, através da Comissão Nacional da Verdade.