O Superior Tribunal de Justiça (STJ) recebeu nesta quinta-feira (8) a visita de 20 estudantes negros e quilombolas de cursos de direito das cinco regiões do país. A iniciativa faz parte do programa "Vivências SAJ: o Jurídico para Equidade e Diversidade", desenvolvido pela Secretaria Especial para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República (SAJ).
Representatividade e diversidade no Judiciário
Durante o encontro, o presidente do STJ, ministro Herman Benjamin, destacou que apesar dos avanços representados pelo sistema de cotas, é necessário enfrentar os múltiplos fatores que historicamente mantêm os afrodescendentes à margem da sociedade. "O nosso Judiciário precisa ter a cara e as cores da sociedade. Só assim a magistratura brasileira, que não é eleita, se legitima politicamente como instituição democrática", afirmou o ministro.
Superação de barreiras no ambiente jurídico
O juiz auxiliar Joacy Dias Furtado, afrodescendente que atua junto à presidência do STJ, enfatizou a importância da coragem e resiliência para os estudantes que almejam seguir carreiras jurídicas. "O estudante de direito não pode se acovardar. Um juiz covarde é um castigo para a população", alertou, incentivando os participantes a persistirem nos estudos apesar dos desafios.
Impacto na vida dos participantes
A estudante Graziele Aparecida de Jesus, do décimo período de direito da PUC Minas e integrante de uma comunidade quilombola, compartilhou o impacto da experiência: "Saber que esses lugares são acessíveis para pessoas como eu, que vêm de uma realidade muito simples, é incrível. A teoria é uma coisa, mas ver na prática é totalmente diferente".
Fernanda Rodrigues Saldanha de Azevedo, coordenadora-geral do Centro de Estudos Jurídicos da Presidência da República, ressaltou que esta primeira edição do programa representa uma importante ação afirmativa: "Estamos melhorando esse cenário no país, porque o Brasil tem uma dívida enorme com a população negra e quilombola."
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