A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, defendeu nesta quarta-feira (9) que o custo das Rotas de Integração Sul-Americana será mínimo quando comparado aos benefícios gerados. Durante reunião com comissões da Câmara dos Deputados, Tebet apresentou detalhes sobre o projeto que promete transformar a logística do comércio exterior brasileiro.
Investimentos e financiamento das rotas
O programa contempla cinco rotas de conexão com países da América do Sul, beneficiando-se de 190 obras já incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com orçamento de R$ 60 bilhões. Além disso, conta com carteira própria de US$ 10 bilhões em financiamento bancário, sendo US$ 3 bilhões do BNDES e o restante de instituições como o Banco do Brics e o Banco Mundial.
Tebet garantiu que não haverá "obras faraônicas paradas no meio do caminho" porque o ministério realizou um trabalho prévio de articulação com governadores, secretários de planejamento e parlamentares. A ministra também esclareceu que "nenhum centavo do BNDES vai ser utilizado para financiar a Venezuela e nem para financiar Argentina", sendo os recursos destinados exclusivamente a melhorias em infraestrutura brasileira.
Redução de distâncias e aumento da competitividade
Um dos principais benefícios destacados pela ministra é a aproximação das exportações brasileiras ao mercado asiático. Com a ligação entre áreas produtoras do Brasil aos portos do Pacífico no Chile e Peru, o trajeto do comércio pode ser encurtado em até três semanas, com redução de até 10 mil quilômetros de distância.
Tebet mencionou especificamente o Porto de Chancay, no Peru, como o maior investimento chinês na região e o ponto mais curto de distância da América do Sul à Ásia. A rota 2, que ligará o Oceano Atlântico ao Pacífico, partindo de Belém até o Peru, tem previsão de conclusão para setembro deste ano.
Desenvolvimento regional e integração fronteiriça
"Essas rotas de integração sul-americana, além de salvar e desenvolver as regiões mais pobres do Brasil, porque a cara mais pobre do Brasil está na fronteira, vai desenvolver todo o País", afirmou Tebet. A ministra destacou que as rotas não competirão com infraestruturas já existentes, mas complementarão o sistema logístico nacional.
Quanto ao cronograma, Tebet informou que a rota que liga o Amapá à Guiana Francesa será entregue até o final de 2026. No entanto, a integração de Roraima com Georgetown, capital da Guiana, ainda não tem data definida para conclusão.
Sobre a ferrovia bioceânica, questionada pelo deputado Junio Amaral (PL-MG), a ministra explicou que o projeto terá "custo zero" para o Brasil, uma vez que contará com expertise chinesa devido ao interesse comercial daquele país na região, mas ressaltou que a construção efetiva ficará para o próximo governo, através de processo licitatório regular.
Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, durante audiência pública