Autoridades brasileiras defenderam, durante a abertura do 11º Fórum Parlamentar do BRICS realizado nesta quarta-feira (4), a necessidade de uma nova configuração mundial que represente efetivamente os países emergentes, que ganham cada vez mais espaço econômico e político no cenário internacional.
Reforma dos organismos internacionais
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), propôs a reforma de organismos internacionais para garantir uma arquitetura de paz e segurança mais eficaz na solução de conflitos. "É inaceitável e, cada vez mais, flagrantemente ineficaz que estruturas decisórias do sistema ONU continuem a refletir o mundo do pós-Segunda Guerra, e não as dinâmicas geopolíticas do século 21", afirmou.
Motta também defendeu a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) para estimular a previsibilidade das trocas comerciais, com tratamento especial e diferenciado para países em desenvolvimento e a restauração do sistema de solução de controvérsias.
BRICS como força para uma nova ordem mundial
O coordenador parlamentar do BRICS na Câmara, deputado Fausto Pinato (PP-SP), destacou que a expansão do bloco proporciona uma oportunidade única para fortalecer alianças entre países com diferentes potenciais. "O mundo não precisa de um xerife, mas sim de parcerias honestas. É essencial defender a nossa soberania e não ceder a quem se utiliza de ameaças como instrumento de poder", declarou.
Por sua vez, o senador Humberto Costa (PT-PE), coordenador parlamentar do BRICS no Senado, afirmou: "Não somos periféricos e nos negamos a sê-lo. Somos adeptos de uma nova ordem política e econômica mundial. Desejamos e devemos ser tratados como atores de peso, personagens principais de uma nova perspectiva geopolítica."
Agenda legislativa e prioridades
O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, apresentou os pontos prioritários da agenda legislativa do BRICS, incluindo saúde global, desenvolvimento econômico com redução de barreiras comerciais, mudança climática e transição verde, governança da inteligência artificial, paz e segurança internacionais, e fortalecimento institucional do bloco.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), destacou dois pontos simbólicos desta edição do fórum: a presença ativa das mulheres parlamentares, que realizaram um dia inteiro de debates, e a ampliação do grupo com a entrada de novos países. "Isso reforça o caráter inclusivo do bloco. Somos diversos, mas unidos pela busca de justiça social, equilíbrio geopolítico e desenvolvimento sustentável", ressaltou.
Também participaram da abertura o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, e a ministra substituta das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, reforçando o valor da diplomacia parlamentar e o compromisso com o diálogo político.