Marina Silva atribui aumento de queimadas a ações criminosas e seca extrema em audiência tensa na Câmara

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, participou de uma tensa audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (2), onde atribuiu o aumento das queimadas no Brasil a uma combinação de incêndios criminosos e condições climáticas extremas.

Causas das queimadas e ações de combate

"De fato, nós tivemos em 2024 um aumento dos incêndios no Brasil. Esse aumento se deu em função de um extremo climático e não afetou apenas o Brasil, afetou o mundo inteiro", afirmou a ministra. Ela ressaltou que os inquéritos da Polícia Federal sobre incêndios criminosos triplicaram em 2024, evidenciando uma "retroalimentação perversa" entre a seca extrema e ações criminosas.

Entre as medidas adotadas pelo ministério, Marina destacou o aumento de 30% no número de brigadistas em operações do Ibama e ICMBio em comparação ao governo anterior, além de um investimento estimado em R$ 1,5 bilhão para combater os incêndios – valor significativamente superior aos R$ 400 milhões destinados durante o governo Bolsonaro.

Confronto sobre dados de desmatamento

O presidente da comissão, deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS), acusou a gestão de Marina Silva de permitir um aumento de 482% no desmatamento da Amazônia e criticou a construção de uma rodovia na região para a realização da COP30. Em resposta, a ministra apresentou dados que indicam uma redução de 46% no desmatamento da Amazônia e de 32% em todo o Brasil nos dois primeiros anos do governo Lula.

"Foi graças a esses esforços, sob orientação do presidente Lula, que tem compromisso de desmatamento zero até 2030, que nós tivemos esses resultados", defendeu Marina, acrescentando que a queda acumulada dos alertas de desmatamento em junho de 2025, comparada a junho de 2022, foi de 65% – o menor índice para o mês desde 2015.

Clima hostil e acusações

A audiência foi marcada por momentos de tensão, com acusações graves por parte de deputados da oposição. O deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) chegou a comparar o discurso da ministra ao de grupos terroristas e a acusou de nunca ter trabalhado ou produzido. Marina Silva afirmou ter sido "terrivelmente desrespeitada" e denunciou machismo e racismo nas falas dos parlamentares.

"Eu prefiro sofrer injustiças do que praticá-las, porque, quando você pratica uma injustiça, pode ter certeza de que um dia a reparação virá. Quando você é injustiçado, a justiça virá", respondeu a ministra, que recebeu solidariedade de deputados da base governista.

Veja a foto da ministra na comissão