Crianças e adolescentes reivindicaram participação efetiva nas discussões sobre mudanças climáticas e a COP30, que será realizada em Belém (PA). Durante audiência pública na Comissão da Amazônia e Povos Originários e Tradicionais da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (30), os jovens defenderam que suas experiências territoriais sejam consideradas na formulação de políticas públicas ambientais.
Minicop mobiliza estudantes do DF
O debate, proposto pela deputada Erika Kokay (PT-DF), destacou iniciativas de base como a "Minicop" da Escola Classe da Vila do Boa, em São Sebastião (DF). O plenário da comissão recebeu dezenas de estudantes participantes do projeto, que transformaram questões ambientais locais em ações concretas de preservação.
"Esta audiência assegura que crianças e adolescentes sejam reconhecidos como sujeitos de direito, com prioridade absoluta prevista na Constituição", afirmou a deputada Erika Kokay. Ela classificou a iniciativa local como uma "COP com muita potência", valorizando projetos comunitários que fortalecem territórios.
Crescimento da participação juvenil
Paulo Galvão, do Instituto Alana, apresentou dados que mostram o aumento da participação infantojuvenil nas COPs: as menções a crianças nas decisões saltaram de apenas duas (1992-2010) para 77 (2018-2024). O movimento "Minicops" já envolveu mais de 7 mil crianças em 10 países, demonstrando o alcance global da mobilização.
Vozes do presente
Os jovens participantes enfatizaram a urgência das ações climáticas e a necessidade de serem ouvidos no presente. "Não importa a idade para começar a mudar o mundo", declarou Evely Lorane Alves, de 11 anos, cobrando melhorias estruturais como rede de esgoto e coleta de lixo para sua comunidade.
Júlia Ferreira da Silva relatou como a preservação de um córrego local ajudou a conter incêndio que ameaçou residências: "Quando cuidamos da natureza, ela cuida da gente". Yohana Carvalho da Silva foi direta: "O futuro é nosso, mas o presente também".
Políticas governamentais
Representantes federais detalharam ações para incluir jovens no debate climático. Isis Morimoto, do Ministério do Meio Ambiente, citou a "terceira jornada de educação ambiental" e o "Balanço Global" como ferramentas para levar vozes territoriais à COP30.
Verena Arruda, do Ministério dos Direitos Humanos, anunciou que a COP30 será a primeira com "matriz de proteção integral para crianças e adolescentes", incluindo plantão integrado de proteção e ações preventivas contra violações durante o evento. Viviane Vaz Pedro, do Ministério da Educação, destacou a retomada da Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, focada em "justiça climática".