O ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Alessandro Stefanutto defendeu sua gestão durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no órgão. Ele afirmou ter tomado todas as providências necessárias para interromper os descontos não autorizados em benefícios de aposentados e pensionistas.
Questionamentos sobre novos descontos
O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), confrontou Stefanutto com dados que mostram a autorização de descontos para mais 1,2 milhão de beneficiários mesmo após o conhecimento das irregularidades. Segundo o parlamentar, essa decisão contrariou pareceres técnicos e causou prejuízo de R$ 62 milhões aos segurados.
"O senhor já tinha sido avisado pela CGU [Controladoria-Geral da União], em 2024, do caos que estava e dos desvios", questionou Gaspar durante a sessão realizada nesta segunda-feira (13).
Defesa do ex-presidente
Stefanutto, que presidiu o INSS entre julho de 2023 e abril de 2025, defendeu-se alegando que já havia determinado investigações antes mesmo das recomendações da CGU. "No dia 9 de maio de 2024, eu mesmo, coisa que nunca aconteceu, determinei a auditoria", afirmou.
O ex-presidente também destacou mudanças implementadas durante sua gestão, como a exigência de biometria e assinatura digital para autorizar descontos, substituindo o sistema anterior que permitia autorizações apenas com nome, CPF e número do benefício.
Problemas sistêmicos
Durante o depoimento, Stefanutto revelou ter encontrado um sistema com mais de 3 mil senhas sem controle ao assumir o cargo, algumas das quais teriam vazado. Ele justificou a demora nos bloqueios alegando falhas no novo sistema, que só se tornou totalmente operacional em fevereiro de 2025.
O ex-presidente compareceu à CPMI com habeas corpus concedido pelo ministro Luiz Fux, do STF, mas acabou respondendo à maioria das perguntas após resolver impasses iniciais com o relator.