A CPMI do INSS ouviu nesta terça-feira (18) a advogada Cecília Rodrigues Mota, ex-presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (Aapen) e da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB). Durante o depoimento, ela admitiu conhecer investigados da Operação Sem Desconto e confirmou movimentações milionárias, mas negou origem ilícita dos recursos.
Direito ao silêncio preserva detalhes
Amparada por habeas corpus do ministro Flávio Dino (STF), Cecília inicialmente optou pelo silêncio, mas respondeu algumas questões do relator deputado Alfredo Gaspar (União-AL). Ela evitou explicar transferências de R$ 4 milhões para Eric Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS André Fidelis.
"Por que a senhora coloca mais de R$ 4 milhões na conta do filho do André Fidelis depois desse ACT?", questionou o relator. A depoente preferiu ficar em silêncio sobre essa e outras movimentações suspeitas.
Conexões com núcleo investigado
A advogada admitiu conhecer diversos nomes ligados ao INSS, incluindo André Fidelis, Virgílio de Oliveira e Carlos Lupi, classificando-os como "relações institucionais". Também confirmou transferências para Thaísa Hoffmann Jonasson, esposa do ex-procurador do INSS, no valor de R$ 630 mil.
Sobre empresas suspeitas de lavagem de dinheiro, Cecília confirmou ser proprietária de várias delas, incluindo a Highway Comércio e Serviço de Informática, mas manteve silêncio sobre detalhes operacionais.
Evolução patrimonial questionada
O relator destacou a evolução patrimonial da depoente: de um Ford Ka de R$ 59 mil em 2020 para dois Mustangs de mais de R$ 350 mil cada. Cecília atribuiu as aquisições aos rendimentos da advocacia e contestou acusações sobre 33 viagens internacionais, afirmando ter feito no máximo oito.
As movimentações financeiras totais chegam a quase R$ 20 milhões, segundo o parlamentar, que apontou possíveis indícios de lavagem de dinheiro envolvendo recursos de aposentados e pensionistas.