Especialistas alertam sobre riscos dos cigarros eletrônicos em sessão pelo Dia Mundial Sem Tabaco

Uma sessão solene realizada no plenário da Câmara dos Deputados marcou o Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado em 31 de maio. O evento destacou os riscos crescentes dos cigarros eletrônicos, especialmente entre os jovens, e as estratégias da indústria tabagista para atrair novos consumidores.

Brasil mantém avanços, mas enfrenta novos desafios

Apesar de o Brasil ser referência mundial no combate ao tabagismo, tendo reduzido o percentual de fumantes adultos de 37% na década de 80 para 9,3% atualmente, o tabagismo ainda é o principal causador de mortes evitáveis no país. Segundo Ricardo Amorim, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, são mais de 400 mortes por dia e 160 mil por ano relacionadas ao tabaco.

A deputada Flávia Morais (PDT-GO), uma das parlamentares que solicitou o debate, apresentou dados alarmantes: um em cada cinco adolescentes do ensino médio já experimentou cigarro eletrônico. O evento contou com o depoimento de Laura Beatriz Nascimento, de 26 anos, que descobriu um câncer no pulmão após dez anos fumando tanto tabaco tradicional quanto dispositivos eletrônicos.

Estratégias da indústria para atrair jovens

Mariana Pinho, coordenadora do Projeto Tabaco da ACT Promoção da Saúde, destacou as táticas da indústria tabagista para atrair o público jovem, incluindo aditivos e sabores que mascaram o gosto desagradável do tabaco. A jornalista Silvia Poppovic compartilhou sua experiência como ex-fumante, alertando que os cigarros eletrônicos não possuem o odor característico que muitas vezes motiva as pessoas a abandonarem o hábito.

Avanços legislativos

Desde 1996, a Lei 9294/96 restringe o uso do cigarro em ambientes fechados e a propaganda de cigarros. Os cigarros eletrônicos são proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, mas ainda circulam ilegalmente no país.

A deputada Flávia Morais é autora do Projeto de Lei 949/24, que cria o Plano Nacional de Atenção à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Já a deputada Gisela Simona (União-MT) apresentou o Projeto de Lei 4888/23, que visa proibir o comércio, a importação e a propaganda de cigarros eletrônicos no Brasil.