O economista e empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti negou nesta segunda-feira (6) ter envolvimento no esquema de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões do INSS, durante depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do instituto.
Depoimento sob habeas corpus
Amparado por habeas corpus, Cavalcanti compareceu à CPMI após ter sigilo bancário e fiscal quebrados pela comissão, optando por não assumir compromisso de falar a verdade. Ele é apontado nas investigações da Polícia Federal como sócio do advogado Nelson Wilians, que já prestou depoimento à comissão.
Em 12 de setembro, Cavalcanti foi alvo da Operação Cambota, desdobramento da Operação Sem Desconto. Foram apreendidos obras de arte, bebidas avaliadas em R$ 10 milhões, veículos de luxo incluindo Ferrari F8 de R$ 4 milhões e réplica da McLaren MP4/8 de Ayrton Senna.
Negativa de envolvimento
Durante o depoimento, negou enfaticamente ser "laranja, operador ou beneficiário de qualquer esquema", afirmando que seu patrimônio tem origem lícita e é compatível com suas atividades profissionais. "O dinheiro que ganhei são fruto de trabalho árduo, crescimento exponencial do mercado jurídico e novas filiais abertas no Brasil", declarou.
Contratos de empréstimos confirmados
Ao relator deputado Alfredo Gaspar (União-AL), Cavalcanti confirmou contratos de empréstimos entre Nelson Wilians e Maurício Camisotti, investigado por tentar converter R$ 59 milhões em criptomoedas após a Operação Sem Desconto. Segundo a PF, Camisotti controlava entidades que faturaram mais de R$ 1 bilhão desde 2021 com descontos não autorizados.
Evolução patrimonial questionada
O depoimento revelou contrastes entre ganhos formais e patrimônio milionário. Cavalcanti informou que em 2017 possuía cerca de R$ 100 mil, mas preferiu não revelar patrimônio atual. É sócio da FAC Negócios, proprietária de 23 veículos, e da Valestra, com faturamento de R$ 20 milhões mensais.