A Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados analisou os resultados obtidos para a Caatinga durante a COP30, realizada em Belém. Pela primeira vez, o bioma nordestino foi incluído em eventos paralelos da conferência climática mundial, ampliando sua visibilidade internacional.
Financiamento de R$ 100 milhões anunciado
Durante a conferência, foram destinados R$ 100 milhões para recuperação da Caatinga. O Banco do Nordeste e o BNDES contribuíram com R$ 50 milhões cada, viabilizando um programa de restauração de 12 milhões de hectares em áreas prioritárias do bioma.
"Participei de mais de 30 eventos sobre restauração e conservação na COP. Em pelo menos metade deles, havia representantes da caatinga discutindo desafios e soluções", informou Thiago Belote Silva, diretor do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente.
Importância climática do bioma
O deputado Leônidas Cristino (PDT-CE) destacou que a Caatinga "sempre foi um bioma invisível, mas extraordinariamente importante". O bioma ocupa 70% da região Nordeste e, segundo estudo da Unesp, foi responsável por 40% da captura anual de carbono no Brasil entre 2015 e 2022.
Atualmente, 62% das áreas suscetíveis à desertificação no país estão na Caatinga, sendo que 13% do bioma já apresenta processo de desertificação. O Ibama anunciou que passará a utilizar fiscalização remota para monitorar desmatamento na região.
Novos programas de desenvolvimento
O programa Sertão Vivo, desenvolvido pelo BNDES com organismos internacionais, prevê R$ 1,8 bilhão em investimentos na Bahia, Ceará e Paraíba. A iniciativa pode beneficiar até 1,8 milhão de pessoas, incluindo 439 mil famílias de agricultores familiares em situação de vulnerabilidade social.
A gerente de projeto da Assessoria Extraordinária para a COP30, Flavia Chuery, avaliou que "esse debate dentro do ecossistema da conferência é de extrema relevância" para futuras decisões internacionais sobre o bioma.