Durante a 2ª sessão de trabalho da Reunião de Mulheres Parlamentares do BRICS, representantes dos países membros defenderam a incorporação da perspectiva de gênero nas políticas de enfrentamento à crise climática. O encontro resultou em propostas concretas para capacitação técnica feminina e igualdade de acesso a recursos naturais, financiamentos e tecnologias verdes.
Propostas brasileiras para um BRICS mais inclusivo
A senadora Leila Barros (PDT-DF) apresentou cinco sugestões estratégicas para o documento final do bloco, destacando a criação de um fundo específico para projetos liderados por mulheres em comunidades vulneráveis. "Que nossa presença não se limite à retórica, mas que se traduza em ações concretas", afirmou a parlamentar.
Entre as propostas apresentadas estão plataformas de educação climática para mulheres, um pacto de liderança feminina pelo clima, apoio do banco do BRICS a aceleradoras verdes de negócios femininos e a criação de um observatório de gênero e clima do BRICS.
Vulnerabilidade e potencial transformador
As parlamentares foram unânimes ao reconhecer que a crise climática afeta as mulheres de maneira desproporcional. Nqabisa Gantsho, da África do Sul, citou dados das Nações Unidas que mostram que mulheres têm 14 vezes mais chances de morrer em desastres naturais. "Ironicamente, são as mulheres que lideram as ações de recuperação após esses desastres", ressaltou.
Sara Falaknaz, dos Emirados Árabes Unidos, alertou que mulheres e crianças representam quase 80% das pessoas deslocadas por mudanças climáticas, enquanto menos de um terço das delegadas em negociações climáticas são mulheres e menos de 10% do financiamento para mudanças climáticas é sensível à questão de gênero.
Saberes tradicionais e representatividade indígena
A deputada brasileira Célia Xakriabá (Psol-MG) destacou a importância das populações indígenas na preservação ambiental: "Nós somos 5% da população mundial, mas protegemos 80% da biodiversidade mundial". Ela aproveitou para criticar o projeto que flexibiliza as regras do licenciamento ambiental em discussão na Câmara dos Deputados.
A parlamentar indiana Shabari Byreddi enfatizou que as mulheres têm o poder de "mudar e curar o mundo" por estarem intimamente ligadas à natureza e envolvidas no gerenciamento de recursos naturais e produção de alimentos. "Promovendo a equidade de gênero nas ações pelo clima, o BRICS pode levar a um futuro mais sustentável", avaliou.