Parlamentares do BRICS reunidos em debate sobre clima e sustentabilidade nesta quinta-feira (5) enfatizaram a urgência de ações coordenadas contra as mudanças climáticas e o papel estratégico do bloco nesse desafio global.
Financiamento climático como prioridade
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), destacou que o Fórum Parlamentar do BRICS é um espaço privilegiado para discutir o financiamento climático, tema central da próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em Belém em novembro. "Como países do BRICS, ocupamos uma posição única no cenário global. Representamos economias emergentes e em desenvolvimento que enfrentam desafios similares, mas também detemos recursos e capacidades que podem transformar o progresso mundial no combate às mudanças climáticas", afirmou.
Motta propôs medidas concretas para construir uma agenda de liderança climática do BRICS, incluindo marcos regulatórios eficientes, mecanismos de financiamento sustentável, supervisão de compromissos climáticos, infraestrutura resiliente e legislações que integrem soluções para diversos problemas ambientais.
Justiça climática e desenvolvimento desigual
Gholamreza Tajgardoon, da Assembleia Consultiva Islâmica do Irã, defendeu uma "justiça climática" entre nações, argumentando que "não podemos esperar que as nações em desenvolvimento busquem transições verdes no mesmo ritmo e com a mesma capacidade dos países industrializados". Ele propôs o compartilhamento de experiências em energia limpa e investimentos conjuntos em tecnologias verdes, além de mecanismos de transferência tecnológica para o Sul Global.
Na mesma linha, Poobalan Govender, vice-presidente do Conselho Nacional de Províncias da África do Sul, abordou os impactos da mudança climática na segurança alimentar e no abastecimento de água, destacando como as populações vulneráveis são desproporcionalmente afetadas. "A forma como a mudança climática nos afeta depende de onde estamos localizados. Os grupos mais atingidos são pobres, predominantemente agricultores dependentes de chuvas", declarou.
Iniciativas nacionais e compromissos futuros
Representantes de outros países do bloco compartilharam ações que estão implementando. Harivansh Narayan Singh, vice-presidente da Câmara Alta do Parlamento da Índia, informou que seu país busca neutralizar emissões de carbono até 2070, com um plano nacional que abrange energia solar, eficiência energética e preservação de ecossistemas. "Como resultado dessas intervenções, a Índia tem conseguido dissociar o crescimento econômico das emissões. Entre 2005 e 2020, a intensidade de emissões do PIB indiano foi reduzida em 36%", destacou.
O senador boliviano Felix Ajpi Ajpi expressou preocupação com o degelo dos glaciares na Cordilheira dos Andes devido ao aquecimento global, alertando para as consequências na produção de alimentos: "Sem água para gerar recursos alimentares, nossa esperança se vê reduzida".
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