Representantes das comissões de Relações Exteriores dos países do BRICS destacaram a integração econômica como pilar fundamental para o desenvolvimento sustentável durante o 11º Fórum Parlamentar do bloco, que ocorre em Brasília entre 3 e 5 de junho.
Potencial econômico e oportunidades de crescimento
O bloco, que atualmente reúne 11 nações (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã), representa 33% do PIB mundial, totalizando aproximadamente US$ 60 trilhões, conforme dados do Ministério das Relações Exteriores.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Filipe Barros (PL-PR), enfatizou que o fluxo de investimento direto estrangeiro entre os membros do BRICS equivale a apenas 5% do total de investimentos, indicando amplo espaço para crescimento. "É essencial ter intercâmbio de pesquisadores e compartilhamento de projetos científicos e experiências", defendeu.
Transição verde e desenvolvimento sustentável
Husein Fadhulloh, representante do parlamento indonésio, destacou que o investimento em infraestrutura sustentável é fundamental para a transição verde, ressaltando que "não necessariamente todos os países dispõem de recursos ou capacidade para adquirir essa tecnologia". Segundo ele, o BRICS pode ser um veículo para financiar a infraestrutura sustentável dos países membros.
O membro do parlamento indiano Vivek Thakur reforçou que a transferência de tecnologia é essencial para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU na Agenda 2030. "Nossa mútua cooperação e ações coletivas serão cruciais para transformar as vidas das pessoas ao redor do mundo", afirmou.
Redução da dependência do dólar
Representantes de diversos países defenderam a ampliação de trocas comerciais com moedas locais para reduzir a dependência do dólar. Grigorii Karasin, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado russo, criticou o sistema financeiro atual: "É inaceitável que um grupo de executivos defina como devem operar as instituições financeiras de países que representam 41% da economia global".
Wang Ke, vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Congresso Nacional do Povo da China, propôs que mais países do BRICS usem suas moedas locais nas relações comerciais e aumentem reservas financeiras com moedas nacionais em vez do dólar.
Os participantes também destacaram a importância do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), atualmente liderado pela ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, para viabilizar projetos de desenvolvimento sustentável nos países membros.