Brasil debate dependência das big techs e busca soberania tecnológica com BRICS

A dependência do Brasil em relação às grandes empresas estrangeiras de tecnologia foi o foco central de debate realizado nesta quarta-feira (8) na Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara dos Deputados.

Cooperação Internacional e Soberania Digital

O encontro, solicitado pelo deputado Fausto Pinato (PP-SP), reuniu especialistas do Brasil, China e Índia para discutir alternativas de cooperação tecnológica entre os países do BRICS. O bloco, que atualmente conta com 11 nações, representa cerca de 40% da economia mundial.

Isabela Rocha, presidente do Fórum para Tecnologia Estratégica dos BRICS+, destacou o paradoxo brasileiro: apesar de ser um dos países que mais utilizam smartphones e possuir um polo industrial relevante em Manaus, o Brasil ainda importa a maior parte de sua infraestrutura tecnológica.

Impacto Econômico da Dependência

Dados apresentados por Ergon Cugler, do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, revelam que entre 2014 e 2025 o Brasil destinou R$ 23 bilhões a contratos com empresas estrangeiras para softwares, serviços em nuvem e sistemas de segurança. Segundo ele, esses recursos poderiam financiar a criação de 86 datacenters nacionais.

O consultor chinês Xiao Youdan alertou que a concentração tecnológica em poucos países prejudica a diversidade econômica global, ao impor padrões que nem sempre refletem a realidade do sul global.

Necessidade de Regulação Nacional

Os participantes enfatizaram que a regulação das big techs ocorre principalmente nos Estados Unidos, fazendo com que dados brasileiros sejam processados fora do país. "Onde nós, brasileiros, podemos promover nossos valores e preservar nossa cultura? Isso não acontece se a infraestrutura não for nossa", questionou Isabela Rocha.

O major-general indiano Pawan Anand defendeu que os países do BRICS precisam criar relações de confiança mútua e grupos de trabalho para compartilhar tecnologias, evitando a hegemonia de qualquer nação no setor tecnológico.