BC mantém taxa de juros em 15% para controlar inflação disseminada, explica Galípolo na Câmara

09/07/2025 21:00 Central do Direito
BC mantém taxa de juros em 15% para controlar inflação disseminada, explica Galípolo na Câmara

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, defendeu nesta terça-feira (9) a manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano durante audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Segundo ele, a principal justificativa para o patamar elevado da Selic é que mais de 70% dos itens que compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estão acima da meta de inflação de 3% ao ano.

Inflação disseminada e particularidades do mercado brasileiro

Galípolo explicou aos parlamentares que a alta de preços não é pontual, mas disseminada na economia brasileira. Ele destacou que a política monetária no Brasil não tem os mesmos efeitos que em outros países devido à existência de subsídios cruzados, que permitem às empresas obterem crédito a custos inferiores às taxas normais de mercado.

"O Banco Central não vai se desviar, nem vai mediar com qualquer outro tipo de busca de objetivo. O Banco Central vai perseguir a meta e vai usar os instrumentos dele que são necessários para defender a moeda, que é uma instituição dependente da credibilidade, e o poder de compra do povo brasileiro", afirmou o presidente da autoridade monetária.

Críticas de parlamentares e sinalização positiva

Durante a audiência, diversos deputados questionaram o patamar elevado dos juros. Sidney Leite (PSD-AM) argumentou que taxas abaixo de dois dígitos impulsionariam a indústria, especialmente no polo industrial da Zona Franca de Manaus. Já Paulo Guedes (PT-MG) criticou o impacto dos juros altos sobre a dívida pública, que, segundo ele, mina o esforço fiscal do governo.

Apesar das críticas, Galípolo sinalizou uma tendência positiva ao mencionar que a inflação de alimentos já recuou de 17,5% em março para 12,5% em maio. No entanto, ressaltou que o BC não pode flexibilizar a busca pela meta de inflação, especialmente porque a expectativa de mercado para 2027 ainda é de 4%, acima do alvo estabelecido.

Outros temas abordados

O presidente do BC também informou que a instituição está estudando novas formas de regulação do sistema financeiro devido à entrada de novos agentes no mercado de crédito nos últimos anos. Sobre o recente caso de invasão a contas de instituições participantes do Pix, Galípolo esclareceu que o incidente ocorreu por corrupção de um funcionário e não por falha de segurança do sistema, que permanece íntegro. O caso está sob investigação da Polícia Federal.

Questionado sobre a possível compra do banco Master pelo BRB, Galípolo afirmou que ainda não há definição, pois os termos do negócio estão sendo finalizados, e somente após essa etapa o Banco Central emitirá parecer sobre a viabilidade da transação.