Aumento tarifário dos EUA pode inviabilizar exportações brasileiras de aço e alumínio, alerta Instituto Aço Brasil

10/07/2025 18:30 Central do Direito
Aumento tarifário dos EUA pode inviabilizar exportações brasileiras de aço e alumínio, alerta Instituto Aço Brasil

A imposição de uma nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros de aço e alumínio pelos Estados Unidos poderá inviabilizar completamente as exportações do setor, alertou Cristina Yuan, diretora de assuntos institucionais do Instituto Aço Brasil, durante audiência na Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (10).

Impacto nas exportações e possível tarifa cumulativa

Yuan expressou preocupação sobre a possibilidade de a nova tarifa ser cumulativa. Nesse cenário, o setor, que já enfrenta uma tarifa de 50%, poderia ser submetido a uma taxação total de 100%. "Se 50% já era uma tarifa elevadíssima e praticamente impeditiva de exportação, a de 100% inviabilizará a exportação do aço e alumínio", afirmou a executiva, lembrando que o faturamento anual da indústria do aço é de aproximadamente R$ 169 bilhões.

Contrariando as alegações do presidente norte-americano Donald Trump, Yuan destacou que a balança comercial entre Brasil e Estados Unidos é superavitária para os americanos. Em 2024, o Brasil exportou 2,3 bilhões de dólares em produtos de aço, enquanto importou dos EUA 1,4 bilhão de dólares em carvão e 3,9 bilhões de dólares em máquinas e equipamentos.

Ameaça do aço chinês e falta de clareza nas medidas

Outro efeito preocupante, segundo Yuan, é o possível desvio de comércio que resultaria no escoamento do aço chinês a preços subsidiados para o mercado brasileiro. "Isso vai matar a indústria siderúrgica nacional, porque não vamos conseguir competir com preços subsidiados", alertou. Atualmente, a China responde por mais de 66% das importações de aço do Brasil, e a produção anual brasileira equivale a apenas 12 dias de produção chinesa.

Herlon Alves Brandão, representante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), apontou a "falta de clareza" no anúncio das novas tarifas e estimou uma redução de 40% no valor das exportações de aço e alumínio aos Estados Unidos. As tarifas afetarão 350 mercadorias, desde aço semimanufaturado até latas de cerveja, utensílios domésticos e peças para aviões e automóveis.

Queda nas exportações e possíveis contramedidas

Pedro Henrique Macêdo, da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), relatou que as exportações para o mercado norte-americano já caíram 25% no primeiro semestre de 2024, com os laminados de alumínio sofrendo uma redução de 50% no volume exportado.

A deputada Jack Rocha (PT-ES), que solicitou a audiência, defendeu o uso da Lei da Reciprocidade Econômica, que permite ao governo brasileiro adotar contramedidas em resposta a medidas unilaterais que impactem negativamente a competitividade internacional brasileira.