Acordo inédito busca indenizar todas as 272 vítimas do desastre de Brumadinho

07/04/2025 12:00 Central do Direito
Acordo inédito busca indenizar todas as 272 vítimas do desastre de Brumadinho

Um acordo histórico está sendo construído para resolver as pretensões de indenização das 272 vítimas do rompimento da barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). O termo de cooperação judicial, assinado nesta segunda-feira (7), reúne esforços do Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública para viabilizar a conciliação entre a Vale S.A. e os familiares das vítimas.

Cooperação judicial sem precedentes

A iniciativa, proposta pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), busca encerrar as 63 ações trabalhistas relacionadas ao desastre - 44 tramitando no TST e 19 no TRT-3. O diferencial deste acordo é seu alcance abrangente: beneficiará não apenas familiares de trabalhadores ligados à Vale, mas também vítimas sem relação jurídica com a empresa e até mesmo casos em que não houve ingresso de ações judiciais.

"É uma cooperação inédita em razão do número de órgãos do sistema de Justiça envolvidos, incluindo a União e o Estado de Minas Gerais, com um esforço conjunto para atendimento aos familiares das vítimas", explica o ministro do TST Cláudio Mascarenhas Brandão, responsável pela conciliação.

Mecanismo de pagamento e confidencialidade

O termo estabelece que as indenizações serão pagas por meio de transferência de depósito judicial gerido pela Justiça do Trabalho em favor dos processos de inventário. Os detalhes das negociações e os valores acordados permanecerão confidenciais, conforme determina a Resolução CSJT 174/2016 que rege os processos de mediação judicial.

A presidente do TRT-MG, desembargadora Denise Alves Horta, classificou a iniciativa como "uma união de esforços institucionais sem precedentes para fortalecer o amparo mais célere às vítimas e familiares sofredores com esse impactante episódio".

Mediação em andamento

A mediação entre a Vale e representantes dos familiares das vítimas está sendo conduzida desde o fim do ano passado no Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do TST (Cejusc-TST). Após assinado, o acordo será homologado em audiência sob a condução do presidente do TST, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, ainda sem data definida.

"Esta é uma conciliação histórica, pois se trata do maior acidente de trabalho que o Brasil já teve, com a busca de um tratamento homogêneo para todas as vítimas", ressaltou o ministro Cláudio Brandão.