Em sessão solene realizada na Câmara dos Deputados para celebrar os 40 anos da redemocratização do Brasil, parlamentares e convidados destacaram a importância de manter viva a chama democrática, alertando que liberdades conquistadas exigem vigilância constante.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), enfatizou que "a democracia não é uma conquista definitiva, é um fogo sagrado, que ilumina e aquece, mas que se apagará se não for constantemente alimentado, trazendo de volta as trevas". Durante a cerimônia, Motta condecorou o ex-presidente José Sarney com a Medalha do Mérito Legislativo.
O valor da conciliação na história brasileira
Homenageado na sessão, José Sarney, primeiro presidente civil após 21 anos de ditadura militar, ressaltou o espírito de conciliação como marca distintiva da sociedade brasileira. "No Brasil, nós construímos nossa história com o espírito de conciliação que nos une sempre nos momentos de maior dificuldade", afirmou o ex-presidente, lembrando que esse espírito foi personificado por Tancredo Neves durante a transição democrática.
O deputado Pedro Lucas Fernandes (União-MA), um dos autores do pedido para a realização da homenagem, reforçou que "não há democracia sem diálogo, sem liberdade e sem compromisso de todos com o bem comum", convocando os presentes a garantir que os próximos 40 anos sejam marcados por mais avanços democráticos.
O legado de Tancredo Neves
O deputado Aécio Neves (PSDB-MG), neto de Tancredo, destacou o papel fundamental de seu avô na campanha das Diretas Já e na articulação política que possibilitou o fim do regime militar. "Tancredo participou, articulou, discursou, mas conhecia, como ninguém, a história, a política e o Brasil", afirmou.
Mesmo com a derrota da emenda das Diretas Já no Congresso, Tancredo consolidou-se como líder da oposição e formou uma ampla coligação para derrotar o candidato dos militares nas eleições indiretas de 1984. A aliança estratégica com José Sarney foi crucial para conquistar votos de dissidentes do regime.
O dia 15 de março de 1985, quando Sarney assumiu interinamente a presidência devido à hospitalização de Tancredo, é considerado o marco oficial da redemocratização brasileira. Com o falecimento de Tancredo em 21 de abril daquele ano, Sarney tornou-se efetivamente o primeiro presidente da Nova República.