Roubo de cargas cai 11% no Brasil, mas empresas gastam 14% da receita em prevenção

O roubo de cargas no Brasil registrou queda de 11% entre 2023 e 2024, mas continua sendo um desafio significativo para o setor de transporte rodoviário, responsável por 65% da movimentação de mercadorias no país. A informação foi apresentada por José Aires Amaral Filho, representante da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), durante o 24º Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas, realizado pela Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados.

Impacto econômico e medidas de segurança

De acordo com Eduardo Rebuzzi, presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), as empresas do setor destinam aproximadamente 14% de sua receita para medidas preventivas contra roubos, incluindo rastreamento, blindagem, escoltas e seguros. Mesmo com esses investimentos, o deputado Mauricio Neves (PP-SP), presidente da Comissão de Viação e Transportes, destacou que o setor perdeu mais de R$ 1 bilhão em mercadorias roubadas em 2024.

José Aires apontou que pode haver distorções nas estatísticas devido a problemas na caracterização dos crimes: "Existe uma dificuldade muitas vezes conceitual do que seriam carga, pequenas cargas, pequenos roubos, furtos, e isso acaba prejudicando até mesmo as estatísticas e o planejamento da segurança pública".

Iniciativas legislativas e melhorias na infraestrutura

Para enfrentar o problema, o deputado Mauricio Neves apresentou o Projeto de Lei 1743/25, que estabelece regras de proteção ao consumidor contra a receptação de produtos furtados ou roubados. Ele também defendeu o aumento da punição para quem comercializa mercadorias provenientes de cargas roubadas.

Paralelamente, a secretária nacional de transporte rodoviário do Ministério dos Transportes, Viviane Esse, informou que a qualidade das rodovias federais melhorou significativamente, com o índice de vias em condições boas ou ótimas passando de 53% para quase 80%. Além disso, anunciou o 14º leilão de concessões de rodovias federais para 26 de junho, com R$ 158 bilhões em investimentos privados já contratados.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ressaltou a importância do setor: "Discutir suas demandas e desafios é também discutir o futuro da logística nacional. É pensar em infraestrutura adequada, estradas seguras, investimentos sustentáveis e na valorização dos profissionais".

Motta defende políticas públicas que valorizem o setor de transporte de cargas