Em audiência realizada na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (2), o secretário extraordinário da Casa Civil para a COP30, Valter Correia da Silva, apresentou detalhes sobre os investimentos e o andamento das obras para a Conferência da ONU sobre Mudança do Clima, que acontecerá em novembro em Belém.
De acordo com o secretário, o governo federal e o governo do Pará estão investindo aproximadamente R$ 4 bilhões em obras estruturantes, principalmente nas áreas de rios, córregos e saneamento básico. "Fundamentalmente, vão ficar de legado e atingem direta ou indiretamente mais de 800 mil pessoas", afirmou Silva durante a apresentação.
Centro de eventos e financiamento
O centro que abrigará os principais eventos da COP30 está sendo construído com cerca de R$ 1 bilhão proveniente de compensação ambiental da mineradora Vale. A instalação será montada no Parque da Cidade, um antigo aeródromo de 500 mil m² cedido pelo governo federal ao estado, onde funcionarão tanto a Zona Azul (área da ONU) quanto a Zona Verde (área para pavilhões de empresas e da sociedade civil).
A audiência foi solicitada pelo deputado Junio Amaral (PL-MG) com o objetivo de fiscalizar o R$ 1 bilhão que o governo federal pretende aplicar em ações relacionadas à COP30. O deputado Dimas Gadelha (PT-RJ) defendeu o volume de recursos: "O Brasil reservou no seu orçamento R$ 1 bilhão. Não era para menos, a gente precisa dar importância a esse tema. E vai deixar um legado muito grande, porque tem muito investimento em infraestrutura".
Segurança e hospedagem
O secretário informou que a segurança das delegações será garantida por uma operação integrada entre Forças Armadas, Polícia Federal, polícias estaduais e guardas municipais de Belém. Quanto à hospedagem, Silva afirmou que haverá aproximadamente 55 mil leitos disponíveis através de hotéis (14,3 mil), aluguel de curto prazo (25 mil), navios (5 mil) e outras soluções (10,5 mil), como adaptação de instalações de escolas e das Forças Armadas.
"Hoje já podemos dizer que temos quartos suficientes para abrigar a COP, porém ainda temos um problema que estamos trabalhando que é a questão do custo da hospedagem em Belém: ainda chega, em alguns momentos, a pontos até bastante fora da curva", reconheceu o secretário.
Alimentação e acessibilidade
Valter da Silva anunciou a adoção de um rígido protocolo de segurança alimentar, com cardápios que respeitam diferentes dietas e tradições. Segundo ele, haverá prioridade para produtos locais, da estação e com baixa pegada de carbono, sendo que 30% dos alimentos serão provenientes da agricultura familiar e da agroecologia.
O evento contará com tradução e interpretação para 197 países em português, seis línguas oficias da ONU (árabe, chinês, inglês, francês, russo e espanhol) e intérprete de sinais internacionais. O secretário garantiu ainda a adoção de tecnologias assistivas e acessibilidade na infraestrutura física para as pessoas com deficiência, além de mecanismos oficiais para a compensação voluntária de carbono, seguindo a meta de realizar uma COP30 neutra em carbono.