Empresário nega envolvimento em esquema bilionário de descontos do INSS

O empresário Domingos Sávio de Castro negou qualquer envolvimento nas irregularidades investigadas pela CPMI do INSS durante depoimento realizado nesta quarta-feira (28). Castro é suspeito de participar de um esquema que teria desviado centenas de milhões de reais de beneficiários da Previdência Social.

Ligações com esquema bilionário

Segundo o relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), Castro possui vínculos com empresas e organizações suspeitas de integrar o esquema de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas. O parlamentar apontou movimentações financeiras superiores a R$ 20 milhões em benefício do empresário.

Castro é citado em investigações sobre repasses de entidades associativas ao lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", considerado líder da organização criminosa.

Empresas e entidades envolvidas

Os requerimentos aprovados pela CPMI indicam que Castro é sócio ou ex-sócio das empresas DM&H Assessoria e ACDS Call Center, além de ter recebido recursos de entidades como a Associação Brasileira de Previdência (Abraprev) e a Associação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas da Nação (Abapen).

Durante o depoimento, Castro admitiu ser sócio da ACDS Call Center, onde possui 33% das cotas, enquanto a Prospect detém 67%. Ele negou ser procurador da Abrasprev e afirmou que sua empresa prestava serviços regulares de atendimento telefônico.

Defesa e habeas corpus

O empresário compareceu à CPMI amparado por habeas corpus concedido pelo ministro Luiz Fux, do STF, que garantiu o direito ao silêncio em situações de possível autoincriminação. Castro declarou ser corretor de seguros em Brasília e negou interferência em contracheques de idosos.

Ele também informou que foi condenado em primeira instância por organização criminosa na Operação Strike, da Polícia Civil do DF, mas recorre da decisão. Segundo Castro, contratos de atendimento telefônico permitiram devolver cerca de R$ 45 milhões a segurados prejudicados.

Prejuízos milionários

O relator Alfredo Gaspar apresentou dados indicando que o esquema pode ter causado prejuízos de R$ 500 milhões aos beneficiários do INSS. A Abapen teria recebido R$ 100 milhões e a Abrasprev R$ 67 milhões, sem comprovação de repasse aos beneficiários legítimos.

O deputado anunciou que pretende aprofundar a análise das conexões financeiras entre Castro, Antunes e outras pessoas investigadas, destacando que "o povo quer respostas" sobre a impunidade no caso.