Empresário admite ter aberto empresas para Conafer em depoimento à CPMI do INSS

O empresário Cícero Marcelino de Souza Santos admitiu nesta quinta-feira (16) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS ter aberto empresas para prestar serviços à Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer). A confissão ocorreu durante depoimento sobre as fraudes investigadas pela comissão.

Esquema milionário da Conafer

Segundo dados da Controladoria-Geral da União (CGU), a Conafer arrecadou aproximadamente R$ 688 milhões desde 2019 através de descontos associativos aplicados em trabalhadores rurais e indígenas aposentados. O presidente da entidade, Carlos Lopes, prestou depoimento à CPMI em setembro e chegou a ser preso em flagrante, sendo liberado após pagamento de fiança.

Relator considera Santos como "laranja"

O deputado Alfredo Gaspar (União-AL), relator da CPMI, optou por não solicitar a prisão de Cícero Santos, considerando-o uma "fachada" utilizada para ocultar desvios de recursos de aposentados. "Não sei se lhe trato como testemunha ou investigado. Essa coisa de blindar poderosos e lascar quem está abaixo, não conte comigo não", declarou Gaspar.

Movimentação de R$ 300 milhões

Durante mais de duas horas de questionamento, Santos reconheceu que a maioria de suas empresas (papelaria, locadora de veículos, fintech) foi criada para atender demandas de Carlos Lopes. Ele recebia planilhas de pagamentos e os repassava, movimentando junto com a esposa cerca de R$ 300 milhões da Conafer desde 2019, segundo o relator.

Negativa de delação premiada

Parlamentares pressionaram Santos para aceitar fazer delação premiada, mas ele alegou não se lembrar de muitos dados solicitados. A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) classificou a Conafer como "sindicato fantasma" e chamou Santos de "laranja". O empresário negou qualquer vínculo com outros investigados, incluindo Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS".