Deputados reagem à tarifa de 50% imposta por Trump sobre exportações brasileiras

O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto gerou forte reação no Congresso Nacional. Durante sessão no Plenário da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (9), parlamentares de diferentes espectros políticos manifestaram posições divergentes sobre as causas e possíveis soluções para a crise diplomática.

Governo prepara contramedidas com base na Lei 15.122/25

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que o Executivo tomará todas as medidas necessárias para enfrentar a decisão americana. "O governo brasileiro não vai aceitar essa decisão do governo americano porque ela fere a soberania do Brasil, os acordos internacionais e, sobretudo, a democracia brasileira", declarou.

Guimarães citou a Lei 15.122/25, aprovada em abril como reação ao primeiro "tarifaço" anunciado por Trump, que permite ao Brasil adotar taxas maiores para importações vindas dos EUA ou suspender concessões comerciais e de investimento.

Divergências sobre responsabilidades pela crise

Deputados da base governista apontaram o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro como possível articulador das ações americanas contra o Brasil. "O bolsonarismo vai ser responsabilizado pela sociedade, por usar um correspondente lá fora, que é deputado, se diz patriota e faz contra o Brasil", afirmou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Já parlamentares da oposição atribuíram a responsabilidade ao governo Lula e ao Supremo Tribunal Federal. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) declarou que "a culpa da taxação seria do presidente Lula e do ministro Alexandre de Moraes", enquanto Gilson Marques (Novo-SC) argumentou que "o Trump, na carta onde ele estabelece o tarifaço de 50%, diz, literalmente, quem é o culpado dessa tarifa".

Justificativas de Trump e resposta de Lula

Na carta pública enviada ao presidente Lula, Trump justificou a medida com críticas ao STF, mencionando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro como "vergonha internacional" e acusando o Brasil de atacar eleições livres e censurar redes sociais americanas. Trump também mencionou que o bloco dos BRICS estaria tentando enfraquecer os EUA e substituir o dólar como moeda padrão global.

Em resposta, o presidente Lula afirmou em rede social que "a elevação unilateral de tarifas será respondida à luz da lei brasileira de reciprocidade econômica" e que "o Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém". Lula contestou ainda o alegado déficit comercial, citando estatísticas que mostrariam um superávit americano de 410 bilhões de dólares nos últimos 15 anos.